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O barco Imagination, que afundou na noite desse domingo no Lago Paranoá, em Brasília, estava com uma estrutura rachada. Segundo informações divulgadas nesta segunda-feira (23) pelo comandante Rogério Leite, da Delegacia Fluvial da Marinha de Brasília, um dos tubulões – estruturas que fazem o barco boiar – estava rachado. O problema foi constatado por um dos 30 mergulhadores que se revezam desde as 6h30 desta segunda.

"Mas só poderemos saber se isso influenciou ou causou o afundamento, se estava rachada antes ou depois de afundar, depois de içar o barco, o que ainda não tem prazo para acontecer", disse Rogério Leite. Segundo o comandante da Delegacia Fluvial, a Marinha tem três meses para emitir um relatório e enviar para o Tribunal Marítimo.

O comandante afastou a hipótese de o barco Imagination ter se chocado com uma lancha, fato que chegou a ser relatado por sobreviventes. Mesmo assim, a possibilidade será investigada. "Alguns dizem que sim, ocorreu, outros que não, mas o depoimento do piloto dá conta de que essa colisão não ocorreu. Mas isso será investigado", afirmou. Dois peritos do Rio de Janeiro chegarão na noite desta segunda a Brasília para ajudar no resgate e na investigação do acidente. 

Superlotação

A hipótese de superlotação do barco é a mais cotada para explicar o acidente. Segundo a Marinha, o barco Imagination tinha capacidade para levar 92 passageiros. No entanto, 94 sobreviveram e dois corpos foram resgatados. Os bombeiros ainda buscam por sete a oito pessoas que estavam no barco, segundo familiares. "Colocar seis ou oito pessoas a mais no barco não é garantia de que o barco vai afundar", disse o comandante Rogério Leite. As buscas serão encerradas às 18h30 e retomadas na terça-feira, às 6h30.

A presença de mais pessoas a bordo do que a embarcação aguenta pode, inclusive, ter prejudicado o sistema de bombeamento de água. O delegado titular da 10ª DP de Brasília, Adval Cardoso de Matos, disse que apura uma possível falha no bombeamento da embarcação. Uma das hipóteses apontadas pela Polícia Civil para o acidente é que a bomba que retira a água que entra no barco estivesse com problemas, que teriam sido agravados pelo excesso de peso.

Há exato um ano, em 22 de maio de 2010, uma lancha com 11 pessoas a bordo virou no Lago Paranoá, matando duas jovens afogadas. A embarcação tinha capacidade para apenas seis pessoas.

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz afirmou nesta segunda-feira (23) que há indícios de superlotação no barco que naufragou neste fim de semana no lago Paranoá, em Brasília. De acordo com ele, ainda não há confirmação oficial para o fato. 

Representantes do Corpo de Bombeiros afirmaram ainda que na última vistoria, feita em novembro, foi constatado que o barco estava em boas condições, e contava com boias e coletes salva-vidas. Mas passageiros informaram que ninguém usava os equipamentos de segurança no momento do acidente. 

Resgate

Os bombeiros do Distrito Federal retiraram, no final da manhã desta segunda-feira (23), o corpo de uma mulher do Lago Paranoá. Ela é a segunda pessoa que morreu em decorrência do naufrágio envolvendo o barco Imagination, que virou nessa domingo (22) por volta das 20h, na área próxima à Ponte JK, um dos principais cartões-postais de Brasília. Pela manhã, a embarcação foi localizada a 17 metros de profundidade no lago. As buscas continuam na tentativa de encontrar outras sete pessoas.

Paralelamente, a Marinha coordena as investigações sobre as causas do acidente. Para o Corpo de Bombeiros, há suspeitas de superlotação da embarcação e ausência de coletes salva-vidas. O major Adriano Azevedo, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, disse que o colete deve ser usado em momentos de apreensão. “Ao primeiro sinal [de problemas], os coletes salva-vidas deveriam ter sido entregues a todos que estavam na embarcação”, disse.

No domingo (22) à noite, um bebê de 6 meses foi retirado com vida do lago, mas não conseguiu resistir e morreu. Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico-Legal (IML) do Distrito Federal. Os bombeiros recomeçaram nesta segunda, por volta das 6h, o trabalho de buscas pelas vítimas. No domingo as atividades duraram das 20h40 às 2h40.

No total, 94 pessoas foram resgatadas. Não foi divulgada a lista com os nomes dos passageiros e tripulantes. No grupo havia uma menina, de 10 anos, que está entre os desaparecidos. De acordo com a major Vanessa Signale, do Corpo de Bombeiro do Distrito Federal, as famílias dos desaparecidos devem se encaminhar ao IML para obter informações.

Apesar das dificuldades nas buscas, a major do Corpo de Bombeiros mantém a expectativa de que é possível localizar os desaparecidos com vida. “As chances de sobrevivência são remotas, mas ainda não foram descartadas,” afirmou.

Os bombeiros afirmam que, a partir de um metro de profundidade, a visibilidade da água do Lago Paranoá fica prejudicada. Segundo os militares, a água é escura, dificultando mais ainda as ações. “A água é turva e barrenta. A temperatura fria, como está em Brasília, não influencia nas buscas”, disse a major Vanessa Signale.

Paranoá, um ano depois

 

 

 

O naufrágio ocorre exatamente um ano após uma lancha afundar no Lago Paranoá. No acidente ocorrido na madrugada do dia 22 de maio de 2010, das dez pessoas que estavam a bordo da embarcação, oito foram resgatadas com vida: duas mulheres – de 18 e 21 anos – morreram no acidente.