Wander Roberto

CHAVE DE OURO A ala Janeth quer o alto do pódio para dar adeus à seleção brasileira

Se dependesse unicamente da vontade de Janeth dos Santos Arcain, a mais famosa jogadora de basquete do País, a seleção brasileira conquistaria o ouro da modalidade nos Jogos Pan-Americanos 2007. Mas sua preocupação no momento não é a de analisar os adversários mais duros. O maior problema da ala é saber como disputar a competição. Ela planeja fazer de seu último jogo no Pan a despedida da camisa verde-e-amarela que veste desde 1986. Evidentemente, Janeth e todos os brasileiros esperam que esta partida seja a da final. Por enquanto, o sonho resvala numa negociação com a milionária liga americana do esporte, a WNBA, que realizará sua temporada de maio a setembro. Procurada por duas equipes, a jogadora tenta acertar uma liberação de duas semanas para defender o Brasil pela última vez em sua carreira. O time que concordar com o intervalo terá imensas chances de contar com a estrela. “Meu maior objetivo é o Pan”, confessa.

Enquanto a resposta não vem, os torcedores fazem pressão. “Recebo vários pedidos para eu jogar. Quero atender, mas preciso aguardar.” Uma semana serviria para se entrosar na seleção e a outra ficaria reservada às partidas. Os primeiros meses da temporada americana dariam ritmo de jogo. Primeira brasileira a ter participado da WNBA, ela torce para que sua sorte prevaleça. Aos 37 anos (terá 38 no Pan), 67 quilos e 1,80 metro, comemora o fato de jamais ter sofrido uma contusão grave.

Antonio Scorza/afp Antonio Scorza/afp

O ouro no Pan-Americano de Cuba (à esq.)
e quatro campeonatos na liga americana estão entre as principais conquistas da jogadora

Janeth não adquiriu a celebridade de Paula e Hortência, suas companheiras na equipe campeã mundial de 1994, na Austrália, e medalha de prata na Olimpíada de Atlanta (1996). Mas ninguém na história do basquete, nem mesmo a famosa dupla, acumulou tantas conquistas. A ala é dona de quatro títulos brasileiros, um tetracampeonato da WNBA, pelo Houston Comets, e do ouro conquistado no Pan-Americano de 1991, em Cuba, numa memorável vitória sobre as donas da casa. Na premiação, ficou clássica a cena em que Fidel Castro, em tom de brincadeira, ameaçava não entregar as medalhas às brasileiras.

A jogadora se dá ao direito de sonhar com um adeus apoteótico. “Gostaria de me despedir com uma cesta do meio da quadra ou decidir o jogo final num lance livre.” Ou ainda um lance magistral iniciado com sua conhecida finta no garrafão. Ela finge que vai lançar a bola de um lado, gira o corpo no pé de apoio e faz o arremesso no espaço deixado pela adversária. “Essa é minha marca. Mas tenho outras: não desisto nunca, vibro a cada cesta, lidero a equipe e chamo a torcida. Acho que essas coisas vão fazer falta”, comenta ela. Janeth acha. Os brasileiros têm certeza.