Já faz tempo que tatuagem deixou de ser uma prática marginal. Grande parte dos adolescentes faz qualquer coisa para marcar definitivamente a pele, para desgosto de muitos pais. Mas existe uma nova e unânime possibilidade: a tatoo temporária para disfarçar cicatrizes. A técnica foi adotada pela Clínica Ivo Pitanguy, no Rio de Janeiro, para atender a demanda dos cirurgiões plásticos. Eles têm indicado essa saída a portadores de incômodas marcas que arranham a auto-estima dos pacientes. Há boas vantagens em relação à técnica convencional: a tatuagem não-definitiva se apaga naturalmente em até cinco anos
com a renovação celular e dói menos durante a execução. “Recomendo
a técnica mais para os casos em que a cicatriz fica muito branca.
Ela disfarça bem”, diz o cirurgião plástico Paulo Müller, um dos
mais famosos da cidade.

Além de sofrer bastante com a espetada das agulhas, quem faz uma tatuagem comum terá a pele marcada para sempre. E nem sempre é isso o que deseja alguém que quer disfarçar uma cicatriz, mas tem horror a algo que não poderá mais apagar. A professora de inglês Ana Maria Gurgel, 41 anos, por exemplo, além de ter disfarçado uma marca em suas costas – causada pela remoção de um sinal – com a imagem de uma borboleta, ganhou novo argumento para convencer seu filho de 18 anos a não fazer uma tatuagem definitiva: a possibilidade de se arrepender no futuro. “Se gostar mesmo, poderei repetir”, diz.

O atendimento na Clínica Pitanguy é feito pela arquiteta carioca Cláudia Alhanati. Em 1998, ela fez um curso de micropigmentação na Alemanha. A maioria dos clientes que recebe sofreu acidentes de carro, precisa retocar a barbeiragem de alguma cirurgia plástica ou disfarçar marcas deixadas por operações. “Quem tem cicatriz geralmente não quer voltar para a mesa de cirurgia”, avalia Cláudia. Seu trabalho começa com uma avaliação da pele do cliente. A escolha do desenho deve se adequar ao tamanho da cicatriz a ser encoberta. A tatuagem é feita com uma espécie de caneta com uma agulha acoplada à extremidade, que arranha a pele para que a tinta penetre. Todo o material é importado e um anestésico tópico evita a dor.

Antes de iniciada a gravação, a pele é preparada com um creme hidratante. Para que o cliente tenha certeza absoluta de sua escolha,
é feita, no início do processo, a aplicação de um decalque com o
mesmo motivo. No final, é passado um creme cicatrizante. A pessoa
só poderá tomar banho com sabonete neutro e terá de passar oito
dias longe do sol e da sauna. Dependendo do tamanho da cicatriz
a ser disfarçada, a aplicação pode durar de uma a quatro horas
e o preço vai de R$ 150 a R$ 2 mil.
 


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