O violinista americano Joshua Bell, 41 anos, é um popstar da música clássica. Com seu visual de homem romântico (só o visual), ele conquista uma grande variedade de fãs, impulsionado por parcerias com músicos populares e participações em programas de tevê e superproduções de Hollywood.

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CARISMA
Bell com seu violino Stradivarius, avaliado em US$ 3,5 milhões

O exemplo mais recente é a execução da trilha sonora do filme "Anjos e Demônios" (Tom Hanks). Aliada ao seu talento de solista e regente, a fascinante história de seu violino só aumenta- lhe o carisma: Bell toca um Stradivarius de 1713, desaparecido em 1936 e reencontrado em 1985, hoje avaliado em US$ 3,5 milhões.

Entre 18 e 23 de junho, ele exibirá essa joia em recitais e concertos com a Orquestra Sinfônica Brasileira no Rio de Janeiro e em São Paulo. Dos EUA, ele deu a seguinte entrevista à ISTOÉ, por telefone:

ISTOÉ – O que é ser um superstar erudito?

Bell – Não tenho certeza do que isso significa.

ISTOÉ – Mas o sr. conquista um público que os músicos eruditos não atingem.

Bell – Faço colaborações com artistas populares e dessa forma atinjo os fãs desses artistas, seduzindo o público para a música erudita. Para o meu próximo CD, fiz um dueto com Sting, uma parceria com Josh Groban, arranjos para jazz e uma faixa com uma maravilhosa banda de salsa de Miami, chamada Tiempo Libre.

"Os jovens não vão tanto aos concertos porque têm a imagem de uma coisa chata"
Joshua Bell

ISTOÉ – A música erudita faz menos sucesso do que deveria?

Bell – Os jovens não vão tanto aos concertos porque têm a imagem de uma coisa chata. Esforço-me para quebrar um pouco isso nas minhas apresentações.

ISTOÉ – O que ficou da experiência no metrô de Washington, em 2007, quando tocou durante 45 minutos e foi praticamente ignorado?

Bell – Não me surpreendi com o resultado. O interessante da música erudita é que muito da criatividade vem da plateia. Você não pode simplesmente apreciá-la enquanto está correndo para o trabalho. Tem de estar envolvido com ela. É como assistir a um filme.

ISTOÉ – Como será voltar ao Brasil?

Bell – Estou muito animado. Fiz muitos amigos na orquestra do Rio, os músicos sempre foram muito receptivos, me levam à churrascaria Porcão. Comer é uma das maiores diversões das viagens. E eu adoro o ritmo e o espírito da música brasileira. Mas nunca a toquei. É uma coisa que eu gostaria de fazer no futuro.