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O secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, disse nesta terça-feira (17), em Nova York, que é "evidente" que Dominique Strauss-Kahn "não está em posição de dirigir" o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo Geithnerm, "por isso é importante que o FMI estabeleça um plano que lhe permita obter uma posição permanente". Dominique Strauss-Kahn foi preso no sábado, em Nova York, acusado de agressão sexual. O diretor do FMI se diz inocente em relação às acusações e por isso não apresentou sua renúncia.

Europa

A UE já começou a se preparar para a batalha de sucessão de Dominique Strauss-Kahn no posto de diretor-gerente do FMI, um cargo importante que o bloco pretende manter, e tenta abafar as pretensões de outros candidatos, incluindo os representantes de países emergentes.

O mexicano Agustín Carstens, governador do Banco Central do México, e do ex-ministro turco das Finanças Kemal Dervis foram citados como prováveis representantes dos países emergentes na disputa pelo cargo de diretor geral. Mas a Europa deixou claro que está pronta para a batalha.

A chanceler alemã Angela Merkel ressaltou que há "boas razões" para que um europeu ocupe esse posto estratégico, principalmente no momento em que o FMI desempenha um papel crucial na crise da dívida soberana na Zona do Euro. O FMI financia um terço dos resgates aprovados em 2010 para Grécia e Irlanda, além do pacote de ajuda adotado na segunda-feira para Portugal.

"É razoável que o diretor do FMI seja europeu, já que somos os primeiros contribuintes" do fundo, lembrou em Bruxelas a ministra espanhola da Economia, Elena Salgado, manifestando sua preferência por uma mulher porque "há uma pequena presença (feminina) nos postos de responsabilidade".

Oficialmente, Dominique Strauss-Kahn continua à frente da poderosa instituição com sede em Washington, mas o seu indiciamento por agressão sexual, cárcere privado e tentativa de estupro pode precipitar sua saída, prevista para meados de 2012 antes de sua prisão no sábado, em Nova York.

A importância dada pelos europeus à corrida pela sucessão do FMI ficou clara com a apresentação imediata de Christine Lagarde, 55 anos, atual ministra francesa das Finanças e apreciada pelos grandes banqueiros mundiais. "O sentimento é de que a Europa não deve ceder" na batalha pela substituição de Strauss-Kahn e Lagarde é uma "candidata claramente possível", indicaram fontes diplomáticas em Bruxelas.

Lagarde "está à espera" de que o presidente francês Nicolas Sarkozy decida se apresenta sua candidatura, já que a tradição estabelece que os chefes de Estado e de governo indiquem os candidatos à direção do Fundo Monetário Internacional (FMI), disseram as mesmas fontes.

Consultada sobre essa possibilidade, a própria Lagarde se negou a fazer comentários, enquanto que fontes de seu entorno asseguraram que "não está sobre a mesa". A imprensa alemã também mencionava nesta terça o nome da ministra, indicando que Berlim apoiaria sua candidatura.

Mas a possível abertura de uma investigação em um caso de suposto abuso de poder na França pode dificultar a situação da ministra.
Os jornais alemães também mencionaram Josef Ackerman, diretor executivo do Deutsche Bank, e Thomas Mirow, presidente do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), como possíveis candidatos.

Por enquanto, o número dois do FMI, o americano John Lipsky, que já havia anunciado a sua saída da instituição em 31 de agosto, assume as funções de Strauss-Kahn, enquanto este permanece na prisão em Nova York. Segundo Salgado, é o próprio Strauss-Kahn que deve decidir se continua no cargo: "Acreditamos que aja com bom senso neste caso pelo menos, em outros não parece que tenha sido assim", disse.