Os dicionários registram a palavra cupuaçu – aquele fruto amazônico parecido com o cacau que é usado para fazer uma espécie de chocolate e um delicioso sorvete – como tendo origem no idioma indígena tupi. Essa mesma língua era falada no Brasil há mais de 500 anos quando por aqui aportaram Pedro Álvares Cabral e seus comandados para abarrotar seus navios com as riquezas da terra e inaugurar uma linha de suprimentos que abasteceu Portugal de pau-brasil, ouro, pedras preciosas e outros exemplares de nossa fartura de então. Prática natural naqueles tempos, época em que a força das armas dispensava patentes e royalties, a pirataria vem se adaptando aos tempos e hoje usa artifícios mais sutis e se aproveita principalmente do descaso e da falta de leis. O acima citado cupuaçu, por mais surreal que isso possa parecer, foi patenteado por uma empresa japonesa: a Asahi Foods é a nova proprietária do fruto amazônico. Algo tão estranho como se uma empresa brasileira patenteasse o arroz ou o molho de soja, o shoyu, e começasse
a cobrar pelo seu uso.

O prejuízo do Brasil na chamada biopirataria é calculado pelo Ibama
em US$ 16 milhões por dia, como se pode ver na reportagem de
capa assinada por Darlene Menconi e Leonel Rocha, que começa
à pág. 92. Além da frutinha, agora japonesa – kupuassu seria sua
nova grafia? –, também estão levando sapos, cobras, plantas e
árvores. Muitas árvores. Só com o mogno, a madeira tropical mais
nobre e valiosa do mundo, o Brasil deixou de faturar, de 1971 a 2001, US$ 4 bilhões. Sem falar da devastação.

Para lembrar o leitor que no dia 21 de setembro se comemora o
Dia da Árvore, ISTOÉ, além de abordar o assunto em sua capa,
distribui, junto com esta edição, cerca de um milhão e seiscentas mil sementes da cobiçada árvore que já esteve perto da extinção. Leia
a reportagem e não permita que o mogno volte a correr o risco de desaparecer:plante as sementes.