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Depois que o jornal francês Le Figaro publicou um artigo culpando os pilotos do voo Rio-Paris pelo acidente, o escritório de Investigação e Análises do país, (BEA), se afirmou “chocado”. O órgão acusou o jornal de divulgar “informações sensacionalistas e não confirmadas” e ressaltou que as análises do material contido nas caixas-pretas do avião ainda não começaram.

O Le Figaro divulgou em seu site nesta terça-feira um artigo denominado “A pista do erro da tripulação se confirma", no qual afirma que obteve informações privilegiadas sobre os primeiros dados analisados. A publicação afirmou que "para os investigadores que teria havido um erro da tripulação da Air France", e "isentam a Airbus de responsabilidade na tragédia que matou 228 pessoas".

O BEA insistiu que não é possível chegar a qualquer conclusão apenas 24 horas depois da recuperação dos dados das caixas-pretas e que o processo de análise levará meses.

Airbus

O Le Figaro apontou como prova o fato de que a Airbus enviou um comunicado para as companhias aéreas  afirmando que não há “recomendações imediatas a fazer”, após as “análises preliminares” dos dados.

"Nesta fase das análises preliminares do DFDR (Flight Data Recorder, registro de dados do voo), a Airbus não tem recomendações imediatas a fazer aos operadores", indicou a Airbus em um AIT (Accident information telex), uma mensagem enviada a seus clientes, com data de segunda-feira.

Os AIT são comunicados que um construtor envia às companhias aéreas sobre as medidas que devem ser adotadas em suas aeronaves em função do avanço das investigações sobre um acidente aéreo. Esta nota interna "foi aprovada pelo BEA", o Bureau de Investigações e Análises, organismo francês encarregado das investigações técnicas dos acidentes aéreos na França, explicou a Airbus.

"Esse AIT não mostra nada, responde apenas a uma pergunta: "os operadores (aéreos) devem tomar medidas de urgência (no A330)?. A resposta é não. Não sabemos ainda o que aconteceu”, ponderou uma porta-voz do BEA, procurada pela AFP.

As duas caixas-pretas do AF447 foram resgatadas no começo de maio, após quase dois anos submersas a 3.900 metros de profundidade no local onde a aeronave afundou.