destaque1.jpg 

Uma juíza de Nova York negou nesta segunda-feira ao diretor geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, o direito de aguardar seu julgamento em liberdade, através do pagamento de fiança. A juíza Melissa Jackson considerou que Strauss-Kahn, acusado de agressão sexual e tentativa de estupro contra a camareira de um hotel, deve permanecer detido porque há "risco de fuga".

A promotoria argumentou que o veterano político francês não tem um incentivo para permanecer nos Estados Unidos até o julgamento, tendo à disposição plenos recursos para ir embora se assim o desejar. Strauss-Kahn "é cidadão da França, país que não extradita seus cidadãos para os Estados Unidos. Se ele viajar para a França, não teremos mecanismos legais para garantir seu regresso", indicou o promotor no tribunal.

De acordo com o jornal francês Atlantico.fr, Strauss-Kahn tinha arronhões pelo torso. Ele teria concordado em passar por um exame para averiguar as marcas, e por isso a audiência preliminar para apresentação das acusações, inicialmente marcada para o domingo foi transferida para esta segunda-feira (16). 

Além disso, os promotores destacaram o fato de que Dominique Strauss-Kahn já se envolveu no passado em situação semelhante "pelo menos uma vez", o que configuraria antecedente penal. "Há informações de que ele já foi associado a uma conduta semelhante a esta em pelo menos mais uma ocasião", declarou o magistrado de acusação.

Continuação do julgamento

A próxima audiência do caso foi marcada para a próxima sexta-feira, 20 de maio. Até lá, o acusado permanecerá sob custódia da justiça americana. A defesa ofereceu o pagamento de um milhão de dólares em dinheiro vivo para que Strauss-Kahn ganhasse a condicional, mas a proposta foi rejeitada.

O diretor gerente do Fundo Monetário Internacional negou todas as acusações apresentadas contra ele na corte, que incluem agressão sexual, cárcere privado e tentativa de estupro. A pena máxima para as sete acusações apresentadas contra ele é de 74 anos e três meses de prisão. Benjamin Brafman, um de seus advogados, disse estar "decepcionado" com a decisão judicial, mas afirmou que "a batalha está apenas começando". 

Strauss-Kahn foi preso no sábado, poucos minutos antes de decolar para a Europa em um voo da Air France do aeroporto JFK em Nova York. Ele foi acusado de tentativa de estupro pela camareira de um hotel da rede Sofitel. 

Segundo uma fonte do grupo Accor, dono do Sofitel, Strauss-Kahn deixou o hotel entre as 12h28 e 12h38 de sábado, minutos após a suposta agressão. "A funcionária da limpeza entrou em seu quarto ao meio-dia, e ele fez o check-out entre as 12h28 e 12h38 no horário local", indicou esta fonte, que pediu para não ser identificada. O grupo Accor confirmou oficialmente que o diretor-gerente do FMI disse à recepcionista que estava deixando o hotel, mas negou-se a informar por quanto tempo ele pretendia permanecer hospedado.

A fonte ouvida pela AFP, entretanto, explicou que uma vez que um hóspede passa pelo procedimento de check-out, é impossível retornar ao quarto. Benjamin Brafman, entretanto, garantiu que seu cliente não saiu em fuga do hotel, afirmando que ele saíra apenas para almoçar. "A razão pela qual saiu apressado é que tinha um horário marcado para almoçar com uma pessoa, que deporá no caso", declarou o advogado perante a juíza nesta segunda-feira.

identificada. O grupo Accor confirmou oficialmente que o diretor-gerente do FMI disse à recepcionista que estava deixando o hotel, mas negou-se a informar por quanto tempo ele pretendia permanecer hospedado.

A fonte ouvida pela AFP, entretanto, explicou que uma vez que um hóspede passa pelo procedimento de check-out, é impossível retornar ao quarto. Benjamin Brafman, entretanto, garantiu que seu cliente não saiu em fuga do hotel, afirmando que ele saíra apenas para almoçar. "A razão pela qual saiu apressado é que tinha um horário marcado para almoçar com uma pessoa, que deporá no caso", declarou o advogado perante a juíza nesta segunda-feira.

Álibi

Na audiência a defesa de Strauss-Kahn tentou apresentar um álibi. De acordo com seus advogados, ele estava em um almoço com sua filha no momento em que a camareira de um hotel na cidade alega ter sido sexualmente agredida. As informações foram divulgadas pela rádio RMC. 

A defesa sustenta que Strauss-Kahn saiu do hotel Sofitel por volta de meio-dia, para almoçar com sua filha em um restaurante da cidade e depois teria seguido para o aeroporto. A acusação afirma que o crime aconteceu por volta de 13h. Para comprovar sua versão, os advogados do diretor do FMI precisam apresentar provas e relatos de testemunhas.  

O caso

Strauss-Kahn, socialista de 62 anos, foi indiciado por agressão sexual, retenção ilegal (cárcere privado) e tentativa de estupro de uma funcionária de 32 anos, em um quarto do hotel Sofitel de Nova York. As acusações podem resultar em uma condenação de até 20 anos de prisão.

 Strauss-Kahn deixou a delegacia do Harlem, na qual estava detido desde sábado com as mãos algemadas, no domingo à noite, a bordo de uma viatura e sentado entre dois policiais. A impactante notícia da detenção estremeceu o FMI, pouco antes de importantes discussões sobre a crise na zona do euro.
 
A polícia de Nova York informou que Strauss-Kahn não tem imunidade diplomática. Outro advogado de defesa, William Taylor, anunciou que a audiência foi adiada para segunda-feira por novos exames dos investigadores em busca de evidências. "Nosso cliente concordou de bom grado com um exame científico e forense", disse Taylor.
 
A denunciante, uma camareira do hotel em que DSK estava hospedado, o apontou no domingo em meio a um grupo de homens reunidos para uma sessão de identificação na delegacia do Harlem. A situação representa uma humilhação para o socialista, que era apontado pelas pesquisas como o favorito para enfrentar o presidente conservador Nicolas Sarkozy nas eleições de 2012. A esposa de Strauss-Kahn, a famosa jornalista francesa Anne Sinclair, afirmou em um comunicado que não acredita "nem por um segundo nas acusações" apresentadas contra o marido. 
 
Já a escritora e jornalista francesa Tristane Banon, que afirma ter sido agredida sexualmente em 2002 por Strauss-Kahn, "pretende processá-lo", anunciou à AFP o advogado David Koubbi. "Prevemos apresentar uma ação. Trabalhamos nisto", afirmou o advogado. Tristane Banon, romancista e escritora de 31 anos, afirmou em fevereiro de 2007, durante um programa de televisão, que havia sido agredida sexualmente por Strauss-Kahn, que na época não era o número um do FMI. Mas a identidade do político foi censurada durante o programa do canal de televisão .Q
 
O advogado disse ainda que na ocasião a mãe da escritora, Anne Mansouret, conselheira regional socialista, "convenceu Tristane a não apresentar uma demanda". O FMI adiou para esta segunda-feira a reunião informal do Conselho de Administração dedicada ao caso.
 
Reação
 
Da incredulidade à consternação, a imprensa francesa mostrou-se profundamente abalada com a prisão. A maior questão, no momento, é saber quais serão as consequências do escândalo para o Partido Socialista (PS), principalmente no que diz respeito às eleições presidenciais de 2012.
 
"Inacreditável, impensável, impossível", exclamam os editorialistas franceses, que falam em "uma armadilha", um "golpe traiçoeiro", "uma leviandade", descrevendo a situação como cenário de um romance ‘noir’, de um filme ruim, de um policial americano – ao mesmo tempo em que indagam: quem se beneficiará com isto? "Dominique Strauss-Kahn sabia que ele mesmo era seu inimigo mais perigoso. Com DSK de fora, resta um campo em ruínas e a primária (socialista), mais necessária do que nunca", escreveu Nicolas Demorand (Liberatión).
É evidente que "Dominique Strauss-Kahn não será o próximo presidente da República Francesa", resume Paul-Henri du Limbert (Figaro), acrescentando que "a esquerda vê desaparecer o cenário que os pesquisadores anunciavam, que previa para DSK quase uma eleição ganha em 2012".
 
"Quem ganha com o escândalo?", pergunta Juan Pablo Brunel (Ocean Press). "O principal beneficiário da provável eliminação de DSK chama-se Nicolas Sarkozy. O presidente vê seu principal oponente com o rabo preso, e o PS na mais incômoda situação, enquanto a opinião pública será obrigada a optar entre um esquerdista suspeito de ataque sexual e um candidato de direita, futuro pai de família.