Quando detecta um obstáculo, ele freia ou desvia. Quando entra no centro da cidade, diminui a velocidade. Quando pega a estrada, acelera. O carro do futuro será capaz de fazer tudo isso, bastando que seu ocupante aperte um botão – ou seja, não é necessário ficar dirigindo. Essa incrível tecnologia está mais perto do que imaginamos. Pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, estão desenvolvendo um modelo de automóvel-robô, totalmente automatizado e muito mais seguro que os veículos atuais.

O carro que nasce dos computadores dos engenheiros da universidade é equipado com scanners, câmeras, lasers, sensores e GPS que monitoram todo o trajeto que ele terá de percorrer ao receber um comando. Há dispositivos, por exemplo, que o fazem "perceber" objetos ou pessoas a até 120 metros de distância e um sistema de seis câmeras capta imagens a 360 graus.

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TESTE Na Califórnia, ele andou sozinho por 97 quilômetros

Parte desses instrumentos já existe no mercado e o importante agora é orquestrá-los para se criar um robô-motorista confiável. "Ele precisa reconhecer outros carros, pessoas, autoestradas e semáforos para tomar as decisões rápidas e corretas", disse à ISTOÉ Fábio Ramos, pesquisador brasileiro e professor de robótica e inteligência artificial na Universidade de Sydney.

O "cérebro" do robô é formado por quatro computadores com processador de núcleo duplo, equipados com o sistema operacional Linux: os responsáveis pelo seu desenvolvimento optaram pelo software livre, justamente pela precisão na sincronização de sensores e pela flexibilidade (programas de código aberto podem ser modificados e adequados a diferentes fins). No futuro, essa tecnologia, é claro, poderá auxiliar os motoristas. Ou, melhor, poderá substituí-los.

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Esse veículo começou a ser planejado em 2007, já participou de competição da Agência de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Defesa dos EUA e, nela, percorreu 97 quilômetros numa cidade fictícia montada na Califórnia – a 50 quilômetros por hora. O desafio, agora, é encontrar locais de verdade para testá-lo. "Não podemos fazê-lo nas cidades porque colocaríamos em risco a segurança", diz Ramos.

Uma possível solução seria experimentar o carro em local amplo e despovoado, mas, nessas circunstâncias, tudo fica demasiadamente fácil para ele: "Se todos os lugares fossem ermos e se todos os veículos fossem robôs, nossa tarefa seria bem mais fácil. É possível prever a sua reação. Difícil é prever a reação dos motoristas de carne e osso."

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