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ACEITAÇÃO A cobrança da sociedade favorece a assimilação desses conceitos

Produtos e serviços que não agridam o meio ambiente, que garantam uma remuneração justa a todos os envolvidos na produção e comercialização, com lucratividade garantida. É isso que propõe o desenvolvimento sustentável. Mais do que economia de energia ou do que plantar árvores para compensar as emissões de carbono, as empresas brasileiras estão deixando de investir apenas em projetos isolados e colocando as preocupações sustentáveis como parte indispensável da estratégia de negócios. Ser apenas verde ficou pequeno para elas.

Uma das pioneiras em sustentabilidade no Brasil, a Natura estruturou seu negócio sobre a conservação da biodiversidade, favorecendo socialmente as comunidades que poderiam preservá-la. "Ao substituir insumos petroquímicos por ingredientes vegetais, renováveis, escolhemos matériasprimas que roubam carbono da atmosfera, em vez de emitir", diz Marcos Vaz, diretor de sustentabilidade da Natura, a maior empresa de cosméticos brasileira, com faturamento de R$ 3,4 bilhões. A atividade não gera impacto negativo na biodiversidade e faz com que a floresta seja mais lucrativa de pé. A floresta também é alvo de preocupação da Vale, a segunda maior mineradora do mundo, que tem projeto de conservação e recuperação da Mata Atlântica. Além disso, a empresa mantém uma fundação que promove o desenvolvimento sustentável nas cidades onde está presente, por meio das Estações Conhecimento. São núcleos em que a fundação atua no desenvolvimento local, com gestão compartilhada entre a Vale, o poder público e a sociedade. "Nosso foco é deixar um legado de desenvolvimento na região", diz Silvio Vaz, diretor- presidente da Fundação Vale. Os núcleos catalisam investimentos de infraestrutura no local juntamente com o poder público e promovem atividades esportivas, culturais e profissionalizantes para jovens da região. Segundo Vaz, foram investidos R$ 23 milhões em 54 projetos das Estações Conhecimento.

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O espaço para empresas brasileiras repetirem exemplos como esses é enorme. Segundo Clarissa Lins, diretoraexecutiva da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, o Brasil está bem à frente de outros países emergentes, mas ainda está no começo. "O tamanho das nossas empresas, que são players globais, a existência de regulação e a cobrança do mercado por transparência favorecem a assimilação desses conceitos", afirma.

Um dos setores mais envolvidos com sustentabilidade é o financeiro. O Banco Real foi pioneiro, em 2000. "Ele se diferenciou, ganhou valor e os outros bancos o seguiram", diz Clarissa. "Investir em sustentabilidade ajuda a dirimir a má imagem do setor com a população." Hoje, o Banco do Brasil é um dos mais atuantes. Ele tem um programa chamado Desenvolvimento Regional Sustentável, com linhas de crédito para empresários que adotam práticas sustentáveis, levando em conta tanto o meio ambiente quanto a justiça social. "Vamos além do financiamento", diz Wagner Siqueira, gerenteexecutivo de responsabilidade socioambiental do Banco do Brasil. "Damos consultoria para que o cliente invista de maneira eficiente no seu negócio." O programa organizou 5.700 planos de negócios, que envolvem R$ 5,4 bilhões e 1,2 milhão de famílias.

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Para engajar clientes e fornecedores em conceitos mais verdes, o Grupo Pão de Açúcar, maior rede de varejo do País, com faturamento de R$ 20 bilhões, implementou uma série de ações. "As práticas sustentáveis fazem parte do nosso negócio", diz Paulo Pompílio, diretor de relações socioambientais do grupo. Vale até provocar os fornecedores: o Caixa Verde é uma iniciativa em que o consumidor pode deixar embalagens desnecessárias para reciclagem no ato da compra. Já foram reciclados 130 mil itens com essa ação. "É uma chance de mudar não só a consciência do consumidor, mas também da indústria", diz Pompílio. Mesmo quem não é gigante pode dar sua contribuição. A Drogaria São Paulo incentiva o uso de sacolas retornáveis e a reciclagem de lâmpadas fluorescentes, cujo mercúrio é altamente tóxico. Em prol dos funcionários, criou hortas em 80 lojas da rede. Além de ter um momento de relaxamento, eles também se alimentam com os produtos orgânicos cultivados ali. "A gente entende que, quando está trabalhando pelo mundo, está preservando o nosso negócio", afirma Marcus Paiva, presidente da Drogaria São Paulo.