Um estudo realizado com uma rede de dez gravadores subaquáticos nas águas que cercam Nova York revelou o inusitado. Grupos de pelo menos seis espécies de baleia passam por uma área que vai da costa sul de Long Island e passa por toda a extensão do porto da metrópole americana. Embora seja raro avistar um desses animais, os sinais sonoros revelaram que baleias-azuis, minkes, franca-austrais, jubartes, fin e sei passaram pela área durante um período de dois anos.

Os pesquisadores que realizaram o estudo, divulgado na semana passada, não sabem ao certo por que os animais frequentam esse ambiente cercado de prédios, navios e poluição – que inclui a ilha que abriga a Estátua da Liberdade, Liberty Island. “Essas águas podem ser parte histórica de seu hábitat ou conter abundância de alimento”, disse à ISTOÉ Aaron Rice, diretor-científico do Bioacoustics Research Program, da Cornell University, nos EUA. Alguns dos indivíduos estavam em rota de migração rumo ao Norte para conseguir alimento, enquanto outros costumam permanecer um tempo na costa da metrópole.

O que mais impressionou os cientistas, porém, não foi a diversidade de espécies, e sim a sua densidade, já que as baleias estavam espalhadas por toda a área do estudo. Não foi possível saber exatamente quantos indivíduos eram. Os pesquisadores sabem diferenciar as espécies porque cada uma emite um som diferente. “A comunicação por sons é um componente fundamental no comportamento e na ecologia das baleias – seja para encontrar seus familiares, potenciais parceiros sexuais ou comida”, diz Rice. “Barulhos produzidos pelo homem podem mascarar os sons produzidos por esses cetáceos, diminuindo a efetividade e o alcance da sua comunicação”, explica.

Grandes navios comerciais são os maiores responsáveis por essa interferência, mas construções como plataformas de petróleo também emitem ruídos que podem deixar o animal desorientado – levando-o a se perder do grupo e até mesmo encalhar. O monitoramento é parte de um trabalho amplo, que busca identificar os diferentes sons produzidos pelo homem na costa leste dos EUA e descobrir como eles podem afetar as baleias no longo prazo. 

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