Discos
No wow, com The Kills (Trama) – Acompanhando a velocidade dos dias de hoje, a dupla formada pelo guitarrista e produtor inglês Jamie “Hotel” Hince e a cantora americana, residente em Londres, Allison “VV” Mosshart, já se tornou lendária após dois anos e dois álbuns apenas – o primeiro é Keep on your mean side. Para gravar este disco, com canções compostas em um moog – sintetizador antigo que quebrou na hora H, sendo substituído pela guitarra –, os dois cruzaram os Estados Unidos para recuperar a mesa de som original de Sly Stone, músico negro que fez sucesso em Woodstock e depois se tornou um gângster. A meio caminho entre a rouquidão de P.J. Harvey e a histeria do White Stripes, as faixas mais agitadas se equilibram em uma batida honesta, apesar de eletrônica, e os dois cantam com vontade à frente de distorções vintage. VV e Hotel até se deram ao luxo de incluir uma balada country, Rodeo town. Rock de garagem digitalizado, sem contra-indicações. (Luiz Chagas)

Arte
I mostra do programa de exposições 2005 (CCSP, São Paulo) – Voltada para nomes debutantes no circuito dos museus e galerias, a coletiva – na verdade, várias individuais simultâneas – reúne a produção de sete artistas que já começam a dar o que falar – os paulistas Egidio Rocci, Giuliano Montijo e Lia Chaia, os mineiros Rodrigo Borges Coelho e Cinthia Marcele e a carioca Isadora Bonder. A inevitável profusão de cacoetes da arte contemporânea, comum em mostras do gênero, está lá. Mas não desvia a atenção de obras que se impõem por sua própria invenção e poética visual, caso do trabalho de Lia e de Rocci. Na instalação Toró, Lia encheu as paredes e vidraças do Centro Cultural com pingos de água feitos de concreto. No chão, “poças” feitas do mesmo material trazem fotos de prédios. Com a mesma ousadia, Rocci encheu um armário com ventiladores antigos de cores quentes, que funcionam sem provocar refrigeração ou ruído, subvertendo a ordem das coisas. (Ivan Claudio)

DVD
Chico Buarque – Meu caro amigo, À flor da pele e Vai passar (EMI) No ano passado, quando comemorou 60 anos, Chico não deu entrevistas, mas colaborou com o velho amigo Roberto de Oliveira em uma série de especiais para a televisão. Os três primeiros, Meu caro amigo, sobre as parcerias, À flor da pele, sobre as mulheres em sua obra, e Vai passar, com o lado político, filmados no Rio de Janeiro, Paris e Roma, respectivamente, acabam de sair em DVDs avulsos, acrescidos de making of e depoimentos. Como Oliveira documentou quase toda a carreira de Chico, os programas contam com imagens pouco vistas de nomes como Caetano Veloso, Elis Regina, Djavan, Dorival Caymmi, Nara Leão, Gal Costa e muitos outros. Vêm aí Anos dourados, centrado na parceria com Tom Jobim, Estação derradeira, sobre a afinidade entre Chico e a Mangueira, e Bastidores, trazendo sua obra para teatro e musicais. Essencial. (Luiz Chagas)