O fator Ciro
Não bastasse tanta encrenca chegando ao Palácio, a crise do mensalão está provocando uma nova dor de cabeça no presidente Lula. Depois que o secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, Márcio Lacerda, pediu demissão por causa do anúncio de que também recebeu grana da SMP&B, seu chefe, o ministro Ciro Gomes, resolveu entregar o cargo. Foi, digamos, um gesto de cortesia com o presidente da República: Ciro disse a Lula que não queria criar embaraços e que o deixava à vontade para demiti-lo. Lula não aceitou. Mas sabe que tem uma batata quente nas mãos. É que Márcio Lacerda foi coordenador da campanha presidencial de Ciro Gomes, derrotado no primeiro turno. Para os membros da Comissão Parlamentar Mista de Investigações (CPMI) dos Correios, o dinheiro mandado para Márcio Lacerda pode ter sido uma espécie de acerto para fechar o apoio de Ciro a Lula no segundo turno. Tanto os membros da CPMI como o governo sabem que vem aí mais um carnaval, desta vez misturando perigosamente a grana do mensalão com a campanha eleitoral de Lula.

Coincidência
A Assembléia Legislativa do Ceará pretende abrir processo na Comissão de Ética para apurar envolvimento de deputados com o caso dos dólares achados na cueca do assessor de José Nobre Guimarães (foto), irmão do ex-presidente do PT José Genoino. Nobre, que recebeu R$ 250 mil de Marcos Valério, coincidentemente, comprou um apartamento novo.
 
 
Sarney não gostou
O novo ministro das Comunicações, Hélio Costa, nem esquentou a cadeira e já arrumou encrenca com o cacique peemedebista José Sarney. Costa afastou o secretário-executivo de seu Ministério, Jean-Claude Frajmund, que também acabara de assumir. O problema é que Jean-Claude tinha sido apadrinhado por Sarney.

Campanha eleitoral
O PFL quer aproveitar o referendo sobre armas para ganhar espaço para seu candidato a presidente da República, Cesar Maia (foto). Em suas participações nos horários na tevê ou no rádio, o PFL pretende colocar Maia no ar defendendo a tese de que a campanha do desarmamento só terá efeito com forte atuação no combate ao crime, inclusive de forças federais.
 
 
Fantasma petista
A turma de José Dirceu anda enxergando o fantasma de Daniel Dantas por trás das denúncias sobre o envolvimento do partido com a Portugal Telecom. A versão que corre na cúpula do PT é que Roberto Jefferson está sendo abastecido pelo Opportunity com dados sobre as relações entre os portugueses e o governo federal.
 
 
Rápidas

• A grana enviada por Marcos Valério ao PT do Rio deixou em pé de guerra o partido no Estado. É que o presidente local do PT, Gilberto Palmares, foi coordenador da campanha de Jorge Bittar a prefeito.

• Candidatíssimo a presidente, o prefeito de São Paulo, José Serra, anda calado. Mas, nos bastidores, tem monitorado bem de perto a CPMI dos Correios. Todos os dias, telefona para pelo menos um ou dois tucanos membros da comissão.

• Num de seus telefonemas, Serra reclamou. Disse que os tucanos da CPMI não souberam explorar o fato de Ângela Saragoça, ex-mulher de José Dirceu, ter recebido um emprego do BMG e um empréstimo do Rural para comprar seu apartamento.

• No PL de Waldemar Costa Netto, o atual líder, Sandro Mabel, também envolvido nas denúncias do mensalão, quer deixar o cargo. Mas não está conseguindo convencer nenhum dos membros de seu grupo, dentro do partido, a aceitar substituí-lo.

• Na quarta-feira 10 haverá mais uma batalha dentro do PMDB. Governistas e oposicionistas disputarão para saber quem fará o novo líder do partido na Câmara. O atual, Wilson Santiago, está rifado.