Mudança de rumo no PT

O presidente do PT, Tarso Genro, reuniu-se em Brasília com os membros do partido na CPI e um seleto grupo de parlamentares. José Dirceu e seus principais aliados dentro do partido não participaram da conversa. Pauta: analisar as repercussões da já chamada “Operação Paraguai” e dos depoimentos de Delúbio Soares e Sílvio Pereira à CPI dos Correios. Conclusão: foi tudo muito ruim. Preocupado com o depoimento que a mulher do publicitário Marcos Valério prestará à CPI nesta semana, Tarso classificou como “muito confusa” a linha de defesa até agora adotada pelo partido, comandada pelo advogado Arnaldo Malheiros e pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Um dos presentes apontou que os juristas estão preocupados só com a questão legal, em que o ônus da prova cabe à acusação, mas esqueceram-se que, em política, o raciocínio é outro: o ônus da prova cabe a quem está sob suspeita. Mais: acharam que foi um erro não punir Delúbio e Sílvio na reunião da Executiva e acertaram que na reunião do Diretório Nacional do partido, em agosto, defenderão a expulsão deles. O grupo está preparado, inclusive, para bater de frente com José Dirceu.”

A mágoa de Dirceu
Num encontro em Brasília com a cúpula do PMDB, o ex-ministro José Dirceu (foto) se disse “muito magoado” com o presidente da República. Acha que Lula o jogou às feras. Reclamou muito do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e chegou a falar de um encontro na Granja do Torto, do qual teria participado com Marcos Valério.
 
 
O PFL ataca
O PFL concentrou nesta semana seus comerciais no rádio e na tevê. Tema dos programas: “O PT e a corrupção”. Os filmetes são todos feitos com base em vídeos de campanhas eleitorais do PT. Personagens: Lula, Marta Suplicy, José Dirceu, José Genoino e companhia. Todos falando o que o PT faria para combater a corrupção no Brasil…

Assessor de quem?
O deputado Paulo Delgado foi envolvido na CPI dos Correios porque um de seus assessores, Raimundo Ferreira da Silva, foi pego tirando grana na boca do caixa do Banco Rural. Membro do PT de Brasília, Raimundo, na verdade, era uma espécie de assessor político no escritório do Diretório Nacional. Foi lotado no gabinete de Delgado a pedido de José Genoino (foto).
 
 
O ouro de Taiwan
A lei é clara: partidos políticos brasileiros não podem receber dinheiro de governos estrangeiros. Por isso está sendo considerada perigosíssima, no PT, a informação da ex-mulher de Waldemar Costa Neto, Maria Cristina Mendes Caldeira, de que o governo de Taiwan mandou US$ 2 milhões para a campanha de Lula a presidente. Ainda mais que Taiwan não tem relações formais com o Brasil.
 
 
Rápidas

• Membros da CPI dos Correios simplesmente não acreditam que o PT esteja tão endividado assim. Acham que, se investigarem, ainda vão encontrar uma bolada escondida por Delúbio Soares em algum lugar.

• Quem conviveu com a cúpula de altos burocratas do PT até pouco antes do escândalo também ficou com a pulga atrás da orelha. Hospedavam-se em hotéis tão caros que não caberiam no orçamento de um partido com a corda no pescoço.

• Outra história mal explicada: essa de a atual direção do PT dizer que não vai pagar as dívidas que Delúbio teria assumido com Marcos Valério. Só iria irritar o publicitário, com risco de ele abrir fogo contra quem pegou grana no seu caixa.

• Indicado para secretário-geral do PSDB pelo cearense Tasso Jereissati, o deputado Bismark Maia mudou de lado: está apoiando a candidatura de José Serra a presidente. Deixou o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, irritadíssimo.

• Já está dando na pinta o número de vezes que os deputados Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) e Eduardo Paes (PSDB-RJ) aparecem na telinha da Globo. Membros da CPI suspeitam que há aí algum tipo de acordo.