A corrida do ouro
Em meio a essa profusão de escândalos que se tornou a política nacional, tem um outro assunto que todos os parlamentares, os governadores e os prefeitos estão discutindo à boca pequena: no dia 1º de outubro vence o prazo de filiação partidária para quem quer se candidatar a qualquer cargo nas eleições de 2006. Mais: com o fogo cruzado em cima das verbas eleitorais, é muito provável que as doações de campanha no próximo ano míngüem. Se não acabarem, com a aprovação do financiamento público. Então, a grana virá mesmo dos fundos partidários, que são montados por lei a partir, principalmente, do tamanho de cada bancada no Congresso. Isso quer dizer o seguinte: todos os partidos estão preocupadíssimos com a adesão de novos deputados à legenda até o final de setembro. Todos: do PFL ao PT, passando pelo PMDB, pelo PSDB, pelo PTB e pelo PL, incluindo o PSOL. O tamanho das bancadas desses partidos até outubro é que vai definir quanto cada um receberá para o seu fundo de campanha. Ou seja, vem aí, em meio à crise do mensalão, um tremendo troca-troca no Congresso que pode resultar em um novo escândalo no futuro.

Cargo à disposição
O líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (foto), pensa seriamente em colocar seu cargo à disposição. Depois de ver anunciado que uma de suas assessoras andou visitando a agência do Banco Rural acusada de distribuir o mensalão, Paulo Rocha acha o seguinte: só dá para continuar no posto se a bancada lhe der o aval.
 
 
Encrenca no Banco do Nordeste
O presidente do Banco do Nordeste, Roberto Smith, é outro que pode entregar o cargo. Depois que seu chefe de gabinete, Kennedy Moura, foi envolvido no caso dos dólares na cueca do assessor do PT, são muito fortes as pressões do Palácio do Planalto para mudar tudo no banco.

Arapongas arapongados
Os arapongas da Abin querem porque querem saber como foi parar nas mãos do líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, o e-mail no qual o ex-diretor-geral da Abin, Mauro Marcelo, classificou a CPI dos Correios como um picadeiro. As primeiras investigações apontam para o prefeito do Rio, Cesar Maia (foto), pai de Rodrigo.
 
 
Garotinho em dúvida
Uma das baixas mais temidas no PMDB para outubro é a do ex-governador do Rio Anthony Garotinho. É que a guerra interna no partido pode deixar Garotinho inseguro sobre as possibilidades de ter a legenda para se candidatar a presidente em 2006. E ele não está sem opções. Tem em mãos o PSC para trocar de partido na hora que bem entender.
 
 
Rápidas

• Piadinha que corre no Congresso: a Daslu vai lançar um modelo caríssimo de cuecas. Ou “carérrimo”, como dizem as colunáveis. Com capacidade de transportar mais de US$ 100 mil, confortavelmente.

• Ex-governador de Brasília, Cristovam Buarque está em Paris. Antes da viagem havia decidido que vai sair do PT. Ele quer concorrer a presidente da República em 2006. Pensa em se filiar ao PPS. E tem até a chapa na cabeça: PPS-PDT-PV-PHS.

• O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Netto, declarou no programa de entrevistas do jornalista Regufe, na TV Apoio de Brasília, que apóia a candidatura de Geraldo Alckmin a presidente da República em 2006. Mas ele impõe uma condição:

• “Quero antes ter uma conversa com o governador de São Paulo. Não dá para fazer um governo paulista como foi o do Fernando Henrique Cardoso e o do Lula. Quero saber se ele estará voltado para os interesses de todo o País. Aí eu apóio.”

• Na posse de Luiz Marinho como ministro do Trabalho, o presidente Lula fingiu que não viu o senador Eduardo Suplicy. Há quem diga que Lula, irritado, não quer papo com o bom-mocismo do colega petista.