Lula solitário
Não pergunte ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre José Dirceu, Delúbio Soares, Marcelo Sereno, Silvinho e até mesmo José Genoino. Pior ainda se incluir o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Luiz Gushiken. Você corre o risco de ouvir um palavrão. Não que o presidente tenha passado a odiá-los. Não é bem esse o sentimento. É algo mais profundo, como se um irmão seu o tivesse traído. Lula tem circulado entre os poucos amigos que lhe restam com o olhar perdido, ora irritadiço, ora atônito. Às vezes, tende a acreditar nas teorias conspiratórias, normais entre os petistas: sente-se vítima de um enorme complô conservador. Às vezes, ele mesmo esbraveja contra essas teorias: diz que é vítima da incompetência do PT, que os dirigentes endividaram o partido além da conta e, por isso, enfiaram o pé-na-jaca-Marcos-Valério-verbas-de-campanha-mensalão. De uma forma ou de outra, ele hoje se sente sozinho e sabe que ficará solitário até o final do governo. O que o presidente não sabe ainda é como administrar essa solidão.

Risco de cassação
Além de José Dirceu e da senadora Ideli Salvati, acusados por Roberto Jefferson de envolvimento com o mensalão, outro petista corre risco. Segundo a secretária Fernanda Karina, Mentor (foto) repassou para Marcos Valério dados sigilosos da CPI do Banestado. Coincidência: o tesoureiro do PPS em São Paulo, Rui Vincentini, acusou-o de ter operado com o mesmo doleiro de Valério.
 
 
Sem arapongas
A nova ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, está varrendo do gabinete os últimos vestígios do seu antecessor, José Dirceu. Mandou avisar ao general Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que não quer mais contatos da Casa Civil com os arapongas da Abin.

O homem da caneta

Sem a careca, a foto ao lado nem parece do publicitário Marcos Valério. Mas é ele mesmo, durante seu depoimento na CPI dos Correios. Fazia todas as anotações com uma caneta Mont Blanc, semelhante às que mandou de presente para o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha e para o secretário-executivo da Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto, Marcos Flora.
 
 
A estratégia de Renan
Para quem ficou surpreso com a nomeação de dois mineiros do PMDB na reforma ministerial, vai aí a explicação: foi pedido do presidente do Senado, Renan Calheiros. Ele acha que, com o diretório de Minas, domina a convenção do PMDB e arrasta o partido inteiro para a base do governo. Saraiva Felipe (Saúde) era tido no partido como um aliado do ex-governador do Rio Anthony Garotinho.
 
 
Rápidas

• Pode acreditar: já têm petistas muito ligados ao presidente Lula propondo que ele envie ao Congresso um projeto de emenda constitucional acabando com a reeleição. Um sinal de acordo com o PSDB.

• Roberto Jefferson está preparando para a acareação com José Dirceu na CPI dos Correios. Reuniu-se esta semana com uma das principais testemunhas do caso Celso Daniel, que lhe teria entregue documentos sobre uma conta do PT no Exterior.

• Jader Barbalho não quer ser líder do PMDB na Câmara. Trabalha para seu primo – o deputado José Priante – assumir o cargo. Os dois acreditam que terão o apoio do Palácio do Planalto. Mas assessores de Lula não querem meter a mão na cumbuca.

• Do lado oposicionista, o ex-líder Geddel Vieira Lima jura que não é candidato a líder na Câmara. Mas na verdade pensa seriamente em substituir o demissionário José Borba. Tanto ele como o ex-ministro dos Transportes Eliseu Padilha.

• Piadinha no PFL: a reforma ministerial demorou porque Lula convidou Paulo Maluf. O ex-prefeito de São Paulo pediu um tempo para pensar, mas acabou recusando para não desgastar sua imagem pública..