Bancada à beira do racha
O líder do PT na Câmara, Paulo Rocha, corre sério risco de ser destituído. O movimento de insatisfação contra ele é grande. Só não está sendo tornado público pelo medo que todos os políticos petistas têm atualmente de piorar ainda mais a imagem do partido em meio à crise. Mas tanto os radicais como os mais moderados da bancada estão falando cobras e lagartos do líder. É que Paulo Rocha simplesmente não tem mais reunido seus deputados. Antes, o excesso de reuniões era até uma marca registrada do PT. Mas, desde que José Dirceu voltou da Casa Civil, a petezada na Câmara reclama que o ex-ministro é quem tem dado o tom das decisões oficiais da bancada. Dirceu, Paulo Rocha e um ou outro correligionário de maior confiança, como o líder do Governo, Arlindo Chinaglia, acertam tudo e não consultam ninguém. O pequeno grupo teme reunir a bancada e ter que enfrentar a lavagem de roupa suja, sem notar que à sua volta está se formando um verdadeiro tsunami de insatisfações.

Uso da máquina
A foto ao lado mostra das camisas distribuídas na campanha do candidato vitorioso às ultimas eleições para prefeito de Cascalho Rico (MG), dr. Fernando (PTB). O presidente do PT local, Darciley Santos de Araújo, virou o pano do avesso e descobriu por trás das bolas pretas o rastro da logomarca dos Correios. Ele denuncia que o PTB usou camisas de carteiros para propaganda eleitoral.
 
 
Mudança de discurso
Um petista atento chama a atenção para a mudança de discurso do presidente de seu partido, José Genoino. Antes, Genoino negava peremptoriamente que o PT tivesse fechado o tal acordo de R$ 20 milhões com o PTB. Agora, Dirceu diz: “Eu não fechei.” E acrescenta que não controla todos os passos dos demais dirigentes do partido.

Bate-boca
Madrugada de sessão no plenário da Câmara, o presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), resolve encarar o presidente do PPS, Roberto Freire (foto): “O sr. me respeite!” Resposta rápida do colega, que também é pernambucano: “O sr. sabe que eu não o respeito.”
 
 
Só para complicar
O presidente Lula pediu a Severino Cavalcanti uma lista de novos indicados pelo PP para a reforma ministerial. Pediu que fossem nomes acima de qualquer suspeita. Foram enviados quatro ex-ministros: Francisco Dornelles, Ibrahim Abi-Ackel, Delfim Netto e Pratini de Moraes. Dornelles e Pratini, da gestão FHC; Delfim e Abi-Ackel, da ditadura militar.
 
 
Rápidas

• Depois da secretária Karina, uma viúva pode ser a peça-chave de nova linha de investigações nos Correios. Levantaria um antigo e, ao que parece, enorme esquema de corrupção na área de tecnologia.

• Não convidem para o mesmo poleiro de tucanos o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e o PSDB de São Paulo. FHC, Serra e Alckmin estão convencidos de que Aécio se aproximou de Lula para detonar a hegemonia paulista no partido.

• José Dirceu está sendo comparado na Câmara ao ex-presidente da Casa, Ibsen Pinheiro, que foi cassado na CPI do Orçamento. Tem tentado circular tão altivo quanto Ibsen nas vésperas da cassação, mas é igualmente mal-querido na Casa.

• Dirceu assistia à tevê, em pé, no cafezinho da Câmara quando o noticiário começou a falar da secretária Karina Somaggio. Olhou em volta e notou que ninguém mirava a telinha, todos prestavam atenção nele mesmo. Cabisbaixo, retirou-se.

• As relações entre Luiz Inácio Lula da Silva e José Alencar nunca estiveram tão frias. O presidente da República desconfia que seu vice anda trabalhando nos bastidores para colocar fogo na crise.