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EXPANSÃO
A empresa planeja levar suas agências para outros países

Nos últimos meses, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) começou a enfrentar sérios gargalos operacionais e passou a sofrer críticas pela má qualidade nos serviços. O Sedex 10 deixou de ser pontual e mesmo correspondências comuns se acumulam com atrasos de mais de uma semana. Diante da queda da confiança dos consumidores com os serviços prestados, a presidente Dilma Rousseff decidiu substituir a direção da empresa. Nomeou como presidente Wagner Pinheiro, executivo testado na Petros, fundo de pensão da Petrobras, e avisou: “A direção dos Correios tem de estar à altura do respeito que a sociedade brasileira sempre teve pela empresa. Depois da família e dos bombeiros, a entidade com mais credibilidade são os Correios.” Quatro meses depois, os Correios se preparam para resgatar sua imagem com a abertura de agências no Exterior, participação no trem-bala Rio-SP e até para a possibilidade de se tornar sócio minoritário de uma empresa de transporte aéreo de carga, além de operador móvel virtual de celular. As mudanças começam por um novo estatuto e a reestruturação completa na gestão coorporativa. “Vamos estabelecer papéis claros para o Conselho de Administração, o Conselho Fiscal, a diretoria executiva e as áreas da alta administração. Estamos revendo toda a linha de decisões e de contratação”, disse Pinheiro à ISTOÉ.

O executivo considera a modernização na estrutura organizacional o pulo do gato na criação de uma empresa mais competitiva, nos moldes da iniciativa privada. Qualquer especialista em governança coorporativa sabe que as chamadas “boas práticas de mercado”, como a independência do Conselho de Administração, são instrumentos valiosos para elevar a credibilidade de uma empresa. Mas os Correios ficaram engessados nas normas anacrônicas de seu estatuto, que data de 1979. A Medida Provisória 532 em tramitação na Câmara fará os ajustes que o estatuto precisa, dando aos Correios, por exemplo, um Conselho de Administração muito mais alinhado com empresas de capital aberto, que são acompanhadas diariamente pelo mercado e pela Comissão de Valores Mobiliários. O presidente da diretoria executiva deixará de exercer também o cargo de presidente do Conselho, que será ocupado pelo ministro das Comunicações. Essa mudança pode parecer cosmética, mas é fundamental para a transparência. Além disso, haverá dentro da ECT uma auditoria externa permanente. “Onde não for conflitante na gestão da empresa, a gente deve seguir a lei das S.A.s”, garante Pinheiro.

Hoje, os Correios vivem um desafio complexo. Têm o monopólio do serviço postal e, por isso, são obrigados a atender às mais remotas regiões do País, mesmo que tenham prejuízos, mas competem em pé de igualdade com fortes grupos estrangeiros como Fedex e DHL na entrega de outros produtos. Curiosamente até esses concorrentes se utilizam da ampla malha de entregas que os Correios possuem. “No Rio e em São Paulo, empresas de remessas vão às nossas lojas no centro da cidade com encomendas para os bairros mais afastados. Existe muito lugar que só nós vamos lá”, conta Pinheiro. E, como a sociedade não faz diferença entre o que é monopólio postal e serviços competitivos, os Correios não podem sequer pensar em abandonar as atividades que não são lucrativas. “Seria um Deus nos acuda”, constata.

Pinheiro está determinado a transformar a ECT numa empresa de ponta. E quer usar a capilaridade dos Correios para ganhar mercado. “Se atualmente a empresa tem um terço do mercado concorrencial, essa fatia deve subir para 40% e depois para 50% nos próximos quatro anos”, projeta. E também há várias frentes para elevar o faturamento, que no ano passado foi de R$ 13 bilhões, e o lucro, de R$ 820 milhões. “Temos os Correios.net, pelo qual se podem comprar várias coisas, não só selo. Temos o telegrama fonado e pela internet podemos ter o celular… Vamos fazer de tudo isso uma vantagem competitiva”, diz o presidente. Depois de todas as mudanças, o próximo passo será a abertura de capital da empresa? Pinheiro, que é especialista em mercado de capitais, garante que não foi nomeado para privatizar os Correios. “Uma empresa pode abrir o capital a qualquer momento. Com as mudanças, os Correios estão prontos, mas tudo vai depender do dono, que é o governo. No momento o governo não pensa nisso.”

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