Não houve o fim do terror. Nem tampouco se encerrou o período mais agudo de atentados. O mundo ainda não está seguro – a despeito da comemoração dos americanos que saudaram a morte de Bin Laden como quem conquista uma Copa do Mundo. A execução do líder da Al Qaeda serviu na prática para ratifi car o sentimento de vingança e de poder do imperialismo americano. E, por tabela, turbinar a campanha de reeleição do presidente dos EUA. O próprio Barack Obama deu a deixa sobre o signifi cado da operação. Disse ele que a morte de Osama foi uma mensagem dos EUA ao mundo. Por trás do aviso, em tom de ameaça, existiu o alto custo da captura. Foram necessários mais de US$ 1,3 trilhão ao longo de dez anos e quase quatro mil soldados abatidos em seguidos combates para se chegar a esse “troféu”. Na base do “temos dinheiro, podemos tudo”, os EUA – depois de mergulharem numa crise econômica sem precedentes – parecem estar inebriados com a ideia de um resgate da hegemonia planetária através da força. Sinais nessa direção não faltam. Dias atrás, o fi lho de outro arquirrival dos EUA, o líbio Muamar Kadafi , foi sumariamente assassinado. A caçada por cabeças do “Eixo do Mal”continua. A radicalização alimenta retaliações e sacramenta a permanência da era do medo. Os alvos se multiplicam e os aparelhos terroristas também. O mapamúndi dos extremistas agora se esparrama pelos cinco continentes. Mesmo a Al- Qaeda segue como ameaça. Após o 11 de Setembro, a organização terrorista reviu seus métodos e se adaptou para operar  independentemente da presença e orientação de seu líder. Morto, Osama pode se tornar um fantasma ainda mais assustador para Obama, como ícone a motivar seus seguidores. Talvez prevendo esse risco o governo dos EUA resolveu ocultar o cadáver e evitar a divulgação de fotos dele. Lance arriscado. A história mostra que o mistério de algumas mortes, aliado ao fanatismo, produz desconfi ança no povo e incita veneração. Poucos realmente acreditam que Obama venceu Osama.


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