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PADRÃO DE MINISSÉRIE
Cena da corte (acima, com Carmo Dalla Vecchia no papel de rei) e
o universo do cangaço (com Cauã Reymond, o mocinho da trama)

Era uma vez uma linda princesa chamada Aurora, alegria do reino de Seráfia do Norte até desaparecer, ainda pequena, em uma viagem. Seu pai achava que a menina tinha morrido. Mas, diferentemente dos contos de fadas clássicos, a princesa em questão não foi parar em um bosque frondoso, mas sim na cidade de Brogodó, no Nordeste do Brasil, onde foi rebatizada com o nome de Açucena. Em torno de sua aventura gira a criativa trama de “Cordel Encantado”, a novela global que tem arrancado elogios e conquistado a liderança da audiência no horário das 18h com seu misto de fábula e literatura de cordel. Além das inovações técnicas e do acerto no elenco, a produção agrada por colocar em um único enredo romântico uma realeza europeia, um bando de cangaceiros, profetas, coronéis e pessoas comuns. “Queríamos fazer uma novela que levasse o público, por alguns minutos do dia, a sonhar e mergulhar no mundo maravilhoso da ficção”, disse a autora Thelma Guedes, que assina o texto com Duca Rachid.

A qualidade da fotografia feita em 24 quadros como no cinema é reforçada por uma iluminação e uma paleta de cores harmoniosas. O mesmo esmero é flagrante no figurino e na direção de arte de acabamento vistoso. Esse padrão de minissérie se reduziria a uma pura performance técnica se, à frente, não existisse uma boa história, baseada em arquétipos da cultura popular. E isso já ficou provado em um mês de exibição da telenovela. “São temas que reverberam em cada um de nós e tocam as pessoas de maneira especial”, justifica Thelma. Também autora do remake de “O Profeta”, a dupla teve a ideia de contar a história de uma princesa após o final daquela novela, há três anos. Foram mais de quatro anos desenvolvendo a trama, tempo que elas consideram essencial para ganhar confiança no enredo inovador que criavam. O tom foi encontrado quando Duca e Thelma optaram pelo Nordeste brasileiro como o cenário mágico em vez dos tradicionais bosques e florestas, típicos das fábulas do passado. Nesse momento, perceberam também que a mistura de reino encantado com sertão estava na essência da literatura de cordel. “A novela ganhou, então, outra dimensão. Ficamos animadas em criar uma espécie de cordel televisivo”, diz Thelma.

Além da narrativa inventiva, o elenco de “Cordel” é um espetáculo à parte. Recém-saídos de “Passione”, os atores Cauã Reymond, Bianca Bin e Bruno Gagliasso aceitaram fazer os papéis de Jesuíno, Açucena e Timóteo, respectivamente. E nomes dificilmente vistos em novelas como Mariana Lima, Luiz Fernando Guimarães, Matheus Nachtergaele, Zé Celso Martinez Corrêa e João Miguel – esses dois últimos estreantes no gênero – também toparam o desafio pelo risco que a nova atração prometia. “Sinto-me orgulhoso e sortudo de fazer parte desse grupo tão talentoso”, diz Cauã. De sua parte, Bruno Gagliasso também é só elogios: “Em cada canto, seja no figurino, cenário, interpretação ou fotografia, Brogodó é belo.”

Segundo o pesquisador de teledramaturgia da USP Claudino Mayer, a novela conquistou o telespectador pelo ritmo, inovador para o horário, e o seduziu não com um, mas com uma mistura de diferentes contos de fadas. Lances inspirados nas aventuras de “Cinderela”, “Branca de Neve”, “A Bela Adormecida” e até “Mulan” podem ser percebidos aqui e acolá, explica Mayer. Além disso, diferentemente do que costuma acontecer no horário das 18h, “Cordel Encantado” é uma novela visualmente de época mas com valores contemporâneos com os quais o público se identifica. “As autoras fizeram uma boa junção de tudo o que o telespectador desse horário gosta: amores com barreiras, fantasia, sonhos e crendices”, diz o pesquisador. Com sua fórmula inventiva, “Cordel Encantado” destaca-se na atual safra de novelas globais já que “Morde e Assopra”, das 19h, e “Insensato Coração”, das 21h, têm patinado no Ibope.

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