Lições da crise
A opinião generalizada entre os principais articuladores políticos do governo – antes mesmo do resultado final da corrida de retirada e inclusões de assinaturas na CPI dos Correios – era a seguinte: chegou a hora de o governo mudar completamente seu relacionamento com o Congresso. Primeiro ponto: vitorioso ou derrotado, José Dirceu é o verdadeiro coordenador político. É quem tem mais “punch”, quem mais trabalha e quem tem mais trânsito em qualquer partido. Segundo: Aldo Rebelo pode ficar no cargo se aceitar ser sempre um comandado de Dirceu. Terceiro: O toma-lá-dá-cá não serve como estratégia de longo prazo, só desgasta o governo. É preciso estabelecer diálogos institucionais. Quarto: o hegemoniamo do PT em relação a todos os aliados pode derrotar Lula em 2006. Quinto: não se faz luta política com o fígado, é preciso estabelecer canais de negociação com a oposição. Em suma: até agora, tudo esteve errado na atuação política do governo. Ou há uma mudança geral daqui para a frente ou a crise será contínua.
 
 
Murilo Portugal no BC
O novo diretor de Estudos Especiais do BC, Alexandre Tombini, estava sendo saudado como indicativo de uma nova era no Banco Central. Foi indicado pelo secretário-executivo da Fazenda, Murilo Portugal, candidato a substituto de Henrique Meirelles. Ou seja, a entrada de Tombini pode significar que Meirelles está mesmo saindo.
 
 
“Agora é tarde, Zé”
José Dirceu pediu socorro a Michel Temer e Geddel Vieira Lima e os oposicionistas do PMDB o colocaram no telefone com o ex-governador do Rio Anthony Garotinho. Dirceu foi pedir a retirada de assinaturas dos aliados de Garotinho à convocação da CPI dos Correios. “Agora é tarde, Zé”, disse Garotinho. “Vocês só nos tratam mal e depois querem nosso apoio? O melhor é mudar o tratamento e, depois, quem sabe, numa próxima encrenca, posso ajudar.”

O carregador
Eduardo Jorge, ex-todo-poderoso secretário-geral da Presidência do governo FHC, parece ter voltado a seus dias de assessor do Senado. Passou a semana perambulando pelos corredores da Casa. Na foto ao lado, um humilde Eduardo Jorge carregava misteriosos pacotões ao lado do líder do PSDB, senador Arthur Virgílio Netto.
 
 
Barriga de aluguel
O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, assumiu de cabeça a paternidade de Djalma Rodrigues para diretor de Prospecção da Petrobras. Mas, segundo o programa Fatos e versões, da Globo News, quem indicou Djalma para a vaga não foi Severino. Foi o líder do PT no Senado, Delcídio do Amaral.
 
 
Rápidas

• Marta Suplicy, quem diria, agora também está mais humilde. Comunicou ao Planalto que, se for candidata do PT ao governo de São Paulo, dará ao PMDB a vaga de vice ou de candidato ao Senado.

• É que o governo está em crise e pouca gente presta atenção nas encrencas da oposição. O PSDB, por exemplo, está vivendo uma das suas piores brigas internas. A reunião da cúpula do partido em Belo Horizonte não conseguiu resolver.

• Tasso Jereissati, Marconi Perillo, Aécio Neves e demais tucanos não paulistas estão por aqui com a forma como FHC, Geraldo Alckmin e José Serra tratam o resto do partido. Como se o PSDB fosse propriedade particular de São Paulo.

• Ciro Gomes está prometendo mundos e fundos ao PSB. Comunicou ao partido que irá se filiar com dois governadores a tiracolo: Blairo Maggi (MS) e Eduardo Braga (AM). O mais curioso é que parece que ele vai cumprir a promessa.

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• Véspera da sessão de leitura da convocação da CPI dos Correios. O presidente
da Câmara, Severino Cavalcanti, diz ao Planalto que vai adiá-la. Ele procura o presidente do Senado, Renan Calheiros. Nada feito.


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