PMDB: unidade pela oposição
Mesa farta a da cúpula oposicionista do PMDB no badalado restaurante Piantella de Brasília, na quarta-feira 18. Naquela mesma noite, a cúpula governista do partido batia boca com o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), e o líder do PT na Casa, Delcídio Amaral (MS), sobre os desacertos políticos do Planalto. Presidente do PMDB, o oposicionista Michel Temer (SP) comemorava: “O governo errou tanto que vai acabar conseguindo unir o PMDB inteiro. Todos do lado de cá!” Para os oposicionistas, pouco importa se Lula chamou para um novo encontro, na sexta-feira 20, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o ex-presidente José Sarney (AP), comandantes da ala governista. “O quadro contra o governo está tão claro que acho que é hora de prepararmos a reunificação do partido. Vou conversar com o Renan e começar a estabelecer as pontes para a retomada do diálogo”, conta o deputado oposicionista Geddel Vieira Lima (BA). Para eles, a essa altura, não tem mais volta: Lula já sabe que não poderá contar com o PMDB em sua chapa à reeleição. E isso só tende a agravar o relacionamento do partido com o PT.

Solução Delfim
O ex-ministro Delfim Netto (foto) é uma voz muito ouvida no governo e na cúpula do PT atualmente. Por isso repercutiu tanto no Palácio um artigo de Delfim propondo a seguinte solução para a crise em torno do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles: “Um pedido de licença por parte do doutor Meirelles e sua aceitação pelo presidente da República.”
 
 
O método Sarney
Quando começa a notar que a coisa não está boa, José Sarney segue sempre a mesma lógica: deixa seus filhos – a senadora Roseana e o deputado Zequinha – apontarem os caminhos para a saída. Pois bem, o deputado Zequinha Sarney (MA) foi quem mais puxou o seu partido, o PV, para tomar a decisão de deixar a base do governo na quinta-feira 19.

Gil com um pé fora
Deu no blog do jornalista Ricardo Noblat: “Se o Ministério da Fazenda não liberar a grana que ele pede, o ministro da Cultura, Gilberto Gil (foto), aguardará no cargo a passagem dos principais festejos que marcarão o Ano Brasil-França. E, no início do segundo semestre, Gil pedirá demissão.”
 
 
Outro que quer o boné
Também o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, não agüenta mais a falta de grana. Na quinta-feira 19, procurou o presidente de seu partido, o PL, Waldemar Costa Netto, para avisar que iria pedir demissão. Waldemar convenceu o ministro a esperar mais um pouco, por uma última tentativa.
 
 
Rápidas

• Lula não gostou de saber que no partido do coordenador político do governo, Aldo Rebelo, o PCdoB, cinco dos oito deputados da bancada assinaram o requerimento de convocação da CPI dos Correios.

• O presidente acha um absurdo bancar Aldo Rebelo no Ministério, contra o PT, e o PCdoB assinar a CPI. Lula agora acha que o mínimo que Aldo pode fazer é convencer seus correligionários a retirar as assinaturas. Caso contrário…

• Pelo menos uma coisa Lula conseguiu em meio à crise: um armistício entre Aldo e o chefe da Casa Civil, José Dirceu. Os dois ministros estão trabalhando juntinhos pela retirada de assinaturas de deputados da CPI dos Correios.

• Líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante teme que Alexandre Tombini, o novo diretor do BC a ser sabatinado na Casa em meio à crise, seja reprovado. Pediu que a sabatina da terça-feira 24 seja adiada. Não conseguiu.

• Irritado, o líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra (PTB-RN), aproveitou a viagem de Lula para também tirar folga: “Já que ele vai para o Japão, eu vou esfriar a cabeça em Portugal.”