Aliança sem futuro
Por conta da entrevista coletiva de imprensa dada pelo presidente da República na sexta-feira 29, foi adiado para a próxima semana um novo encontro entre Lula e a cúpula do PMDB governista – leia-se o presidente do Senado, Renan Calheiros, os senadores Ney Suassuna e José Sarney e o líder na Câmara, José Borba. O PMDB está indócil. Vai comunicar ao presidente que a situação no Congresso está à beira do caos. “Primeiro de tudo, é preciso deixar claro que o coordenador político do governo, Aldo Rebelo, nosso grande amigo, infelizmente já não coordena mais nada.

A base governista está à deriva”, afirma Suassuna. O líder peemedebista conta mais: “Depois, o presidente precisa dar um basta nos desencontros dentro do governo. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, deu uma declaração de apoio à reeleição da governadora do Rio Grande do Norte, Wilma Faria (PSB), que soou como uma bomba no PMDB.

O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) simplesmente renunciou à vice-liderança do governo. Como podemos trabalhar assim?”

PCdoB segura Aldo
O coordenador político do governo, ministro Aldo Rebelo, comunicou à cúpula de seu partido que não agüenta mais as pressões do PT (ou seja, do ministro José Dirceu) sobre sua gestão. Só não entregou o cargo ainda porque seu partido acha que a ocupação daquele espaço é fundamental no processo de luta revolucionária dos comunistas.
 
 
Intervenção americana?
Durante a estada de Condoleezza Rice no Brasil, houve uma reunião sigilosa de representantes do FBI dos EUA com a cúpula da Polícia Federal brasileira. Os americanos comunicaram que estão pensando em indiciar, nos Estados Unidos, os brasileiros acusados pelo assassinato da ambientalista Dorothy Stang.

Quando os tucanos se bicam
O senador Antero Paes de Barros (MT-PSDB) aproveitará a visita do governador Geraldo Alckmin a seu Estado para declarar apoio à candidatura presidencial do paulista. Aliado de José Serra no tucanato, Antero acha que a guerra interna pela Presidência da República pode destruir o PSDB: “Alckmin é o candidato natural. E o PSDB não pode ficar mais tempo sem candidato.”
 
 
“Oposição de verdade”
Esta é para a turma do governo que ainda aposta na senadora Roseana Sarney (PFL-MA) como ministra do governo Lula, filiando-se ao PMDB. Roseana protagoniza a partir desta semana os filmetes de tevê do PFL no Maranhão. Bate no governador, José Reinaldo, e sua aliança com o PT. E deixa claro que ela é “oposição de verdade”.
 
 
Rápidas

• O governo federal e o PT querem mesmo empurrar o governador de Minas, Aécio Neves, para concorrer com Fernando Henrique e Geraldo Alckmin pela vaga do PSDB de candidato a presidente da República.

• Chapa do Planalto para Minas: seria encabeçada pelo vice-presidente da República, José Alencar, que tanto pode ficar no PL como ir para o PMDB. Vice: Patrus Ananias. Para o Senado: o ministro da Agricultura, Walfrido Mares Guia (PTB).

• A incógnita do Palácio do Planalto para Minas Gerais é o embaixador e ex-presidente Itamar Franco. Se ele quiser, pode pegar a vaga de Mares Guia e ser o candidato de Lula ao Senado. Ficando no PMDB, ou indo para o partido que quiser.

• O PT tem candidato do partido à vaga de ministro do Tribunal de Contas da União: o deputado José Pimentel (CE). Mas deve ser surpreendido com outra derrota nesta semana. Os aliados querem dar novo recado ao Palácio votando em outro nome.

• Do presidente Lula a seus assessores, sobre as denúncias contra o ministro Romero Jucá, pouco antes da entrevista coletiva de sexta-feira: “Não vou demiti-lo. Não me renderei à imprensa.” Ah, bom…