A prioridade é o PMDB
Na conversa que manteve com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador José Sarney (PMDB-AP) na terça-feira 22, pouco antes de anunciar que desistira de uma reforma ampla do seu Ministério, o presidente Lula não só criticou o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, e seu partido, o PP. Ele lembrou do encontro do dia anterior com o presidente do PMDB, Michel Temer, para mostrar que quer integrar todo o partido ao governo. “Se eu tiver o PMDB unido, não precisarei correr atrás do PP.” Daí Lula ter insistido em nomear logo Romero Jucá na Previdência e ter pedido “um pouco mais de paciência” a Sarney, dando sinais de que seu próximo passo deverá ser a nomeação da senadora Roseana Sarney. De fato, a prioridade do presidente no momento é lutar por uma aliança com o PMDB para 2006. Se Lula conseguir o apoio formal do partido à sua reeleição, ele acredita que neutralizará o poder de fogo de um de seus principais adversários, o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho. Por isso Renan, que sonha ser vice, está que é só sorrisos.

Canais desobstruídos
Presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, Geddel Vieira Lima (foto) era um ultra-oposicionista do PMDB. Na semana passada, ele esteve no Planalto articulando o encontro entre Michel Temer e Lula. Geddel ainda não é governista, mas admite: “Estabelecemos um novo patamar de interlocução. Quanto a 2006, só o tempo dirá.”
 
 
 
“Severino me desacatou”
A versão dos auxiliares de Lula é de que o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, pediu desculpas ao presidente da República por ter dito que ele teria que nomear Ciro Nogueira para ministro das Comunicações. Mas Lula nos bastidores conta outra história: “Ele manteve tudo. Me desacatou no Palácio.”

Por que Luizinho saiu
Do presidente Lula ao deputado Professor Luizinho (PT-SP) (foto) sobre os motivos que o levaram o presidente a tirá-lo da liderança do governo: “Todos os líderes da Câmara já deveriam estar fora. É preciso remontar um novo Colégio de Líderes para fazer frente ao Severino.”
 
 
Medo do segundo turno em 2006
Depois de se aproximar do PMDB para tentar neutralizar Garotinho e de intervir nos hospitais do prefeito do Rio de Janeiro e pré-candidato pefelista Cesar Maia, Lula quer atacar outro presidenciável: o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A idéia é rachar os tucanos, adulando governadores do PSDB como Aécio Neves (MG), Lúcio Alcântara (CE) e Cássio Cunha Lima (PB).
 
 
Rápidas

• O comando nacional do PFL desembarca no domingo 27 no Rio. Vai avaliar com o prefeito Cesar Maia o estrago que a intervenção federal nos hospitais da cidade causou à sua campanha presidencial.

• Presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen quer convencer Cesar Maia a mudar sua estratégia em relação à crise dos hospitais. Tem dito a amigos que a política de enfrentamento até agora adotada só tem prejudicado a imagem do prefeito.

• Curiosidade: o novo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, pertence à corrente “Movimento PT”. Ou seja, o mesmo grupo do deputado Virgílio Guimarães, aquele que concorreu a presidente da Câmara contra a determinação do partido.

• Vêm aí as inserções de 30 segundos do horário gratuito do PMDB na tevê. Quem prepara é Michel Temer. O lema será: “Prontos para governar.” Ainda não se sabe se isso quer dizer candidatura própria a 2006, ou entrada imediata no governo.

• Na reunião ministerial de quarta-feira 23, o cearense Eunício Oliveira convidou o conterrâneo Ciro Gomes (PPS) a se filiar ao PMDB. Na frente do presidente Lula, que ouviu tudo feliz da vida