Chegou ao limite o caos nos aeroportos. O de São Paulo, o maior deles, já não comporta  sequer a metade do movimento atual. Passar por suas dependências, em qualquer dia, a qualquer hora, é um inferno que começa nos guichês de check-in superlotados, segue nas filas intermináveis das revistas da Polícia Federal e continua nas salas de espera sem espaço e na falta de fi ngers suficientes para dar fluxo ao entra e sai de passageiros. A fi scalização da Receita leva horas. A espera por malas também dura uma eternidade. Até mesmo nas pistas, o congestionamento das aeronaves testa ao extremo a paciência das pessoas que embarcam. É um suplício tentar viajar hoje de avião pelo Brasil, país de dimensões continentais que está às vésperas de receber um movimento recorde de turistas com a proximidade da Copa do Mundo e da Olimpíada. Como será quando vier a hora? O tempo hábil para mudar a situação está se esgotando. Recursos, projetos e obras civis saem a conta-gotas. Talvez percebendo o iminente colapso, o governo decidiu na semana passada – já não era sem tempo! – transferir para a iniciativa privada parte do trabalho. A concessão de aeroportos, a começar pelo de São Paulo, deve seguir um regime misto de operações, no qual o poder público, através da Infraero, continuará trabalhando dentro de um modelo de supervisão. A concessionária vitoriosa na licitação para construir ou modernizar terminais, pistas, etc. receberá as taxas aeroportuárias pagas por companhias aéreas e pelos passageiros. Haverá também as “permutas” de áreas específi cas, como as lojas dos terminais, em troca de investimentos na infraestrutura. A ideia de con vocar a participação do setor privado vinha sendo defendida havia quase uma década, mas sofria resistência principalmente do PT. O boom aéreo que ocorreu nos últimos anos com o crescimento da economia e o consequente estrangulamento da malha jogaram por terra a tese petista – que desejava manter a operação sob mando do Estado. A aviação, todos sabem, é setor estratégico de uma nação e não pode sucumbir por meros dogmas políticos de pensadores retrógrados. Já estava mais do que no momento de chamar a cavalaria empresarial para debelar a ameaça que pairava de um apagão logístico sem precedentes.