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DEMITIDO
Trump quer substituir Obama na Casa Branca

O bilionário americano Donald Trump sempre foi conhecido por arranha-céus, casamentos tumultuados e um indefectível topete, que seus detratores garantem ser mais sólido do que concreto armado. Nos últimos anos, ele também ganhou status de estrela televisiva ao apresentar o reality show “O Aprendiz” e por seu prazer em proferir as palavras “Você Está Demitido”. Apesar de sempre ter opinião sobre tudo e todos, Trump nunca foi levado a sério quando o assunto fugia da esfera mulheres bonitas, mercado imobiliário ou tratamentos capilares. Agora, às vésperas de completar 65 anos, Trump quer provar aos americanos que não é apenas mais um playboy falastrão obcecado pelos holofotes e convencê-los de que ele é a melhor opção para substituir Barack Obama na Casa Branca nas eleições presidenciais de 2012.

Por enquanto, porém, a estratégia de Trump tem sido exatamente encarnar o papel de playboy falastrão obcecado por holofotes. Na quarta-feira 27, ele seguiu esse script à risca para comentar o fato de a Casa Branca ter divulgado a íntegra da certidão de nascimento de Barack Obama. Reuniu a imprensa em um hangar do aeroporto da cidade Dover, no estratégico Estado de New Hampshire, e chegou apoteótico em seu helicóptero negro para a entrevista coletiva. “Estou orgulhoso, consegui o que ninguém conseguiu, fazer Obama provar que não é africano”, disse, referindo-se às repetidas insinuações que fez durante as semanas anteriores de que Obama havia nascido na África, e não no Havaí. Obama, por sua vez, limitou-se a afirmar que tem coisas mais importantes a fazer do que mostrar sua certidão de nascimento.

Apesar de estar em campanha, Trump não declarou oficialmente que concorrerá à Presidência pelo Partido Republicano. Suas atuações, que mais têm parecido shows televisivos vespertinos do que encontros políticos, não têm sido levadas a sério nem mesmo por seus colegas de partido. Para muitos, Trump está apenas atrás de visibilidade na mídia. Mas parte do eleitorado conservador americano parece pensar diferente.

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“Tenho coisas muito mais importantes a fazer do
que mostrar minha certidão de nascimento”

Barack Obama, presidente americano

As últimas pesquisas de intenção de voto nas primárias republicanas realizadas pelo instituto Gallup mostram Trump como um dos principais candidatos do partido, com 16% da preferência dos eleitores, empatado em primeiro lugar com o ex-governador do Arkansas Mike Huckabee. Outra pesquisa, realizada no dia 12 de abril, pela Public Policy Polling, deu a preferência a Trump, com 26% dos votos, seguido por Huckabee com 17%. Os números, é claro, animaram Trump, que já cogita a possibilidade de lançar-se candidato independente caso seja rejeitado pelos republicanos. Ao contrário do Brasil, nos Estados Unidos uma pessoa não precisa estar filiada a nenhum partido para concorrer à Presidência.

Poucos acreditam que Trump con­seguirá a vaga, mesmo com um dis­curso antenado com a parcela mais conservadora dos republicanos. Nos últimos meses ele tem repetido incansavelmente ser contra o aborto, contra o controle de armas e, claro, um instigador de teorias conspiratórias envolvendo a Casa Branca, como o local do nascimento do presidente. Seu novo alvo agora é a carreira acadêmica de Barack Obama. “Eu ouvi dizer que Obama era um estudante horrível, muito ruim mesmo. Como será que um estudante ruim consegue entrar na Universidade de Columbia e depois em Harvard”, questiona ele. “Eu bem que gostaria de ver os registros escolares dele.” Para muitos analistas políticos americanos, a vantagem do apresentador e empresário é explicada por uma crise de identidade no próprio Partido Republicano e pela falta de entusiasmo dos eleitores. Segundo uma pesquisa da ABC e do jornal “Washington Post”, 40% dos republicanos estão descontentes com os possíveis candidatos do partido. Se a candidatura Trump for, de fato, fogo de palha, uma coisa é certa: as eleições americanas não serão tão divertidas.

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