chamada.jpg

img2.jpg

Os senadores Eduardo Suplicy e Marta Suplicy, do PT de São Paulo, formam um ex-casal incomum. De comportamento peculiar, ambos têm personalidade marcante, cada um a seu modo. Sexóloga de profissão, Marta é mais desembaraçada. Quando prefeita de São Paulo, ela substituiu a sisuda cadeira do gabinete por outra cor-de-rosa e adotou o hábito de visitar favelas em trajes finos e de salto alto, para espanto dos moradores da periferia. Eduardo Suplicy, por sua vez, é capaz de interpretar um rap dentro do Congresso, latindo e fingindo que levou um tiro. Também já cantou músicas de Bob Dylan no plenário e desfilou pelo Salão Azul com uma cueca vermelha sobre o terno para o programa de humor “Pânico”, o que quase lhe custou o mandato. Ela é considerada exibicionista. Ele aparenta timidez, embora seja um exímio criador de factoides. Apesar do exotismo, o ex-casal 20 da política paulista sempre se mostra unido em defesa dos interesses do PT e do governo. Mas a paz dos Suplicy está com os dias contados.

Tudo indica que, no próximo ano, Eduardo e Marta vão passar por uma situação inusitada, mesmo para seus padrões. Eles devem se enfrentar na disputa para sair candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PT. Hoje, há inúmeros pré-candidatos, como os deputados Cândido Vacarezza, Jilmar Tatto e Paulo Teixeira, e os ministros Fernando Haddad, José Eduardo Cardozo e Alexandre Padilha. Ninguém é favorito, mas Marta tem a preferência da cúpula petista. Eduardo Suplicy, por seu lado, faz questão de dizer que é o senador proporcionalmente mais votado da história de São Paulo. À ISTOÉ, o senador Eduardo Suplicy garantiu que, desta vez, não se submeterá aos desejos de Marta. Em 2010, ele foi obrigado a abrir mão de sua candidatura para o governo de São Paulo para que Marta concorresse ao Senado na chapa encabeçada por Aloizio Mercadante. “No ano passado, eu concordei. Mas agora não vou abrir mão. Eu e Marta estamos em pé de igualdade. O partido tomará sua decisão democrática nas prévias”, disse o senador.

Ao que tudo indica, Suplicy parece cansado de dar preferência aos planos da ex-mulher. Em 2001, Marta acabou com o casamento de 36 anos, deixando o senador para viver uma paixão com o franco-argentino Luis Favre. Mesmo arrasado, como fazia questão de não esconder, o senador participou ativamente da campanha de Marta para a prefeitura e o Senado. Ganhou muito pouco em troca. Há dois meses, Marta presidia a Mesa do Senado e cortou a palavra do ex-marido quando ele tentava ler uma carta de Cesare Battisti na tribuna. “Senador Suplicy, acabou seu tempo”, advertiu Marta. “Agora preciso obedecer à senhora presidente”, disse o constrangido petista. Mas Eduardo Suplicy está pronto para a guerra no campo político. Disse, em entrevista, que ainda iria consultar os filhos para que escolhessem a melhor candidatura: a do pai ou a da mãe. Para ISTOÉ, no entanto, esclareceu que estava “de brincadeira”. “Meus filhos nos amam. Mas desta vez não vou recuar. Vamos às prévias”, afirmou ele.

Marta prefere não entrar em polêmicas neste momento. Afirma que o seu nome foi colocado na mesa como “uma opção” para a Prefeitura de São Paulo. Quanto aos três filhos, que durante o divórcio acabaram do lado do pai, eles não parecem dispostos a se envolver com a briga política. André e João nem sequer falam sobre o assunto. O roqueiro e primogênito do casal, Eduardo Suplicy, o Supla, 45 anos, diz que “é a mesma coisa que perguntarem se você prefere o seu pai ou a sua mãe”. Para ele, “tanto um quanto outro tem condições de fazer um ótimo governo na cidade”. Mesmo em cima do muro, Supla não esconde o orgulho que sente dos pais. “O povo é um ótimo termômetro. Sinto um carinho muito grande da população por ambos. A história da minha mãe, como prefeita, ainda está muito viva, mas as pessoas sempre falam com muito respeito do meu pai.” Nenhum dos filhos é filiado ao PT e, portanto, não votarão nas prévias petistas. Pelo visto, Eduardo e Marta terão de travar o embate por conta própria.

img.jpg
O ESTILO RELAXA E GOZA
Marta, sempre elegante, encara chuva, barro e manifestações pela cidade

 

img1.jpg

À PROCURA DE UM EIXO
Eduardo, sempre surpreendente, em três momentos de impacto