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JANELA
Jemma encara sua exposição na internet como preparação para o mundo exterior

Ela é jovem, bonita, canta bem e acaba de se tornar a pessoa mais popular do YouTube na China, com vídeos que alcançaram mais de dois milhões de visualizações. Mesmo assim, a cantora britânica Jemma Pixie Hixon, 20 anos, enfrenta uma batalha diária dentro da própria mente. Há dois anos, a garota de voz suave e rosto de boneca não consegue sair do apartamento onde vive com os pais, em Worcestershire, na Inglaterra. A causa desse encarceramento reside na própria Jemma. Ainda adolescente, ela foi diagnosticada como portadora de uma doença denominada agorafobia, termo que define o medo de sentir medo em público (leia quadro). Portanto, a celebridade do momento só consegue desfrutar a fama alcançada na rede devidamente protegida pelas paredes de sua casa.

Segundo dados da Associação Americana de Psiquiatria, entre 3,5% e 5% da população mundial sofre desse mal. No Brasil, estima-se que atinja pelo menos seis milhões de pessoas. A maioria mulheres jovens. “A agorafobia é duas vezes mais comum entre o sexo feminino e se manifesta pela primeira vez na juventude” afirma Fátima Vasconcelos, presidente da Associação de Psiquiatria do Estado do Rio de Janeiro. “Essa fobia geralmente acomete pessoas com histórico de crises de ansiedade na infância, que evoluem para ataques de pânico e, posteriormente, para o medo de sair de casa.”

Desde pequena Jem­ma sabe o que é lidar com essa sensação. Sua primeira crise aconteceu aos 6 anos. “Eu estava em um shopping com minha mãe e comecei a sentir palpitações, falta de ar e desespero. Foi horrível”, disse a cantora à ISTOÉ. “Desde então, o medo de passar mal em público foi ficando insuportável.” O único lugar onde a jovem diz se sentir segura é dentro de casa. “Quem sofre de agorafobia não consegue deixar sua zona de conforto”, diz a psicóloga especialista em fobias Isabel Labate. “Assim, acabam dependentes da ajuda de outros e perdem o convívio social.”

Antes do agravamento de sua doença, Jemma participou de concursos de canto, em redes de televisão locais. Agora, ela grava seus clipes no banheiro, com ajuda dos pais e do namorado, com quem está há cinco anos. Enquanto não consegue sair, ela compra roupas e maquiagens pela internet, brinca com seus bichos de estimação (cachorros, gatos e um coelho) e administra o sucesso que conquistou. “A minha presença online me prepara para o mundo exterior”, diz. “Se um dia eu conseguir sair, espero me tornar uma cantora profissional. Esse sempre foi o meu sonho.”

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