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ACROBACIAS O mastro de jangada é utilizado como elemento circense

Três barcos vão de Koper, na Eslovênia, para Veneza, na Itália. Seria uma cena comum para quem vive às margens do mar Adriático, não fossem essas embarcações feitas de lixo e pilotadas por gente fantasiada que passa boa parte do tempo dançando e fazendo acrobacias nos mastros. Claro, não são navegadores comuns – são artistas. A tripulação de 30 americanos usou materiais reciclados para construir jangadas que mais parecem instalações flutuantes.

O objetivo dessa turma, cuja idade varia entre 20 e 30 anos, é repetir na Europa o sucesso que o projeto teve nos EUA. Há três anos, barcos semelhantes cruzaram o rio Mississippi, e, no ano passado, basicamente a mesma tripulação navegou pelo rio Hudson, em Nova York. O que eles querem com isso? Mostrar a arte de uma maneira surpreendente. Querem, também, criticar o consumismo e incentivar modos de vida sustentáveis. Mas buscam, sobretudo, se divertir e conhecer gente nova.

As jangadas saíram da Eslovênia no início do mês e devem chegar a Veneza em meados de junho. Lá, os artistas farão suas performances com música, dança e até teatro de sombras. O nome do projeto diz muito sobre ele: The Swimming Cities of Sereníssima, algo como "As cidades flutuantes de Sereníssima", numa referência a Veneza. A intenção de sua idealizadora, Swoon, uma artista de rua de Nova York que já teve seu trabalho exposto no MoMA (Museu de Arte Moderna), era criar com seus barcos-instalações a impressão de que um pedaço desprendido do continente flutua na água. Essa inspiração na paisagem urbana explica por que cada uma das jangadas exibe uma caótica mistura de formas.

Entre os materiais utilizados aparece de tudo, de madeira recuperada das caçambas de canteiros de obras a motores de carros velhos modificados, alguns deles de antigos Mercedes- Benz. "Usamos o que pudemos encontrar e coisas doadas por pessoas que conseguimos convencer a não jogar tudo no lixo", diz Swoon, que não revela seu verdadeiro nome.

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ESQUADRA EXÓTICA Os barcos incorporam suvenires na viagem

Ao longo da viagem, a tripulação ainda recolherá suvenires para incrementar as embarcações, que podem ser posteriormente expostas na França e na Inglaterra. Para chegar ao seu destino, os artistas contam com a venda de obras próprias e de colaboradores e com doações de toda espécie – os eslovenos, por exemplo, deram casa e até comida durante a construção dos barcos. Em contrapartida, a turma oferece uma obra ousada para visitação pública gratuita.