Rua mais famosa de Nova Orleans – meca do jazz e do blues americano – a Bourbon Street se tornou uma espécie de ícone musical do planeta. Quem caminha por sua calçada recebe ininterruptos convites sonoros para penetrar em seus bares, em que bons músicos proliferam. O Brasil também tem
sua Bourbon Street – ou pelo menos um lugar que há dez anos tem procurado, com bons resultados, reproduzir a atmosfera romântica
e boemia da rua do jazz. Trata-se do Bourbon Street Music Club, localizado no bairro de Moema, zona sul de São Paulo. Para comemorar sua primeira década de existência, o Bourbon programou o Bourbon
Street Fest, pacote de shows irresistíveis, principalmente para os fãs
de jazz. No total, serão 49 atrações que se apresentarão de 18 a 23
de novembro, divididas em cinco noites na casa, além de duas apresentações ao ar livre – uma em frente ao próprio clube,
na rua dos Chanés, e outra, no Parque do Ibirapuera.

A cantora Marva Wright, a Preservation Hall Jazz Band e a banda
Nu Beginnings estão no pacote de atrações, que inclui ainda o DJ
Logic, um dos mais criativos artistas da música negra americana da atualidade. “Não podemos ignorar a música eletrônica, pois ela faz
um casamento perfeito com o jazz, assim como os ritmos latinos. Gostamos da tradição da boa música, mas queremos que o festival também tenha sangue novo e misture todo tipo de público”, explica Edgard Radesca, proprietário do Bourbon.

O festival deve consolidar a posição do clube como um dos melhores locais para se ouvir música do gênero no País. “Temos alguns bares e restaurantes que contam com bons shows, mas ainda faltam mais lugares específicos para quem gosta de jazz e blues”, constata o jornalista e escritor Zuza Homem de Melo, especializado no assunto. “Falta tradição e em geral as casas não conseguem manter um bom nível de atrações. O Bourbon, no entanto, é um dos melhores lugares para quem gosta de música de qualidade”, completa.

Tradicional ou não, o fato é que São Paulo já caiu no gosto de artistas badalados que vira-e-mexe gostam de tocar e cantar por aqui. Nos corredores do Bourbon é possível identificar a passagem de nomes consagrados por conta de objetos pessoais de grandes músicos que estão espalhados pela casa. Estão lá, por exemplo, uma gravata autografada do baixista Ron Carter e um paletó de Ray Charles. Mas quem ocupa lugar de honra é uma réplica da famosa Lucille, a guitarra Gibson que ajudou B. B. King a se tornar um dos melhores guitarristas da história. “B. B. King foi o primeiro artista a se apresentar no palco do Bourbon. Ele é o padrinho da casa”, afirma Radesca. “Outra artista querida da casa é a saudosa Nina Simone. Fiquei encantado com a classe e a doçura dela. Foi um dos shows memoráveis do Bourbon”, relembra. Com padrinhos desse naipe, é quase certo que o clube tenha vida longa.