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As rádios de todo o País têm recebido o novo CD do Pato Fu, Daqui pro futuro, como um prosaico pirata de rua. A vocalista Fernanda Takai comprou 100 CDs virgens e, no próprio computador, gravou, escreveu o nome do álbum e os enviou às emissoras. Essa foi uma das maneiras que a banda encontrou para fazer a divulgação do trabalho, agora que deixou a estrutura de uma grande gravadora. A venda das músicas do “disco” é feita em uma loja de downloads. Cada faixa custa R$ 0,99 e todas, que em breve formarão um CD físico com distribuição independente, saem por R$ 9,90. “Deixamos de ser pequenos no mainstream (mercado oficial) para sermos grandes independentes”, diz Fernanda, que comemora as altas vendas no novo formato. A experiência atual do Pato Fu representa o auge de um fenômeno que vem acontecendo há algum tempo. Com a crise da indústria fonográfica, mesmo os grandes nomes da MPB já não têm contrato com as multinacionais da música.

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Um dos primeiros a cuidar do próprio negócio foi Djavan. Em 2004, ele abriu a gravadora Luanda, que também distribui seus álbuns. Com o rock, a trajetória é a mesma e o Pato Fu não é único na nova aventura. O Sepultura, uma das maiores bandas de metal do mundo, passou pela gravadora Warner e pela Sum Records, mas lançou um disco independente em julho. Fernanda endossa a decisão: “Os fonogramas são nossos, temos agilidade para comercializá- los, recebemos 95% dos direitos autorais, podemos fazer parcerias e vender conteúdo.” Segundo ela, o suporte de uma grande gravadora não faz falta durante a produção, à base de soluções caseiras. “O Lulu (Camargo, tecladista) é de São Paulo e ficou hospedado em casa, em Belo Horizonte. Antes, ele ficaria em um hotel. A alimentação também foi toda feita em casa”, diz ela. A nova estratégia, claro, torna mais fácil a pirataria. Presidente da gravadora Trama, João Marcello Bôscoli acredita que é impossível deter a troca de músicas pela internet. “Uma das maiores besteiras das gravadoras foi não ter começado a trabalhar com o mp3 e tentar apoiar seu faturamento em uma única mídia, o CD”, diz ele. Agora é tarde.