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No Parlamento brasileiro, que tem até político se lixando para a opinião pública, uma reforma moralizadora está prestes a ser adotada na banda do Senado, que, ao contrário da Câmara dos Deputados, decidiu encomendar um estudo a uma instituição de fora da casa. A Fundação Getulio Vargas (FGV) ficou encarregada pelo trabalho, sugerindo as mudanças. Entregou na semana passada um esboço de proposta que contempla, essencialmente, o enxugamento de diretorias de um total de 181 para apenas sete. No caminho até o corte de faca, a FGV constatou de início que apenas 41 diretores exerciam de fato a função. Os demais, ninguém sabe, ninguém viu. A questão é que os titulares das tais diretorias, ao contrário do que possa parecer, não serão sumariamente demitidos. Eles apenas perdem o status, mas mantêm inalterados os salários. Aqueles brindados no bloco das sete diretorias remanescentes poderão até receber um reajuste na gratificação, já que acumularão as responsabilidades dos demais. As medidas sugeridas são, na prática, paliativas. Por exemplo: das 622 funções comissionadas – que são o símbolo do inchaço da administração pública – restarão 435. A economia final prevista é de R$ 650 mil por mês. Um pingo num mar de gastança! O que salta mais aos olhos no levantamento da fundação é a quantidade de exceções previstas.

Para se ter uma ideia, escapam da degola até os serviços de desembaraço alfandegário e de atendimento vip aos parlamentares nos aeroportos. O autor das medidas, Bianor Cavalcanti, alega que o Senado tem uma função importante e que deve preservar seu papel. Leia-se: mudar para ficar igual. O estudo, forçado pelas circunstâncias e pela pressão externa, foi finalizado justamente quando se tornou pública a informação de que o salário dos servidores subiu muito mais que o de funcionários do setor privado entre 2002 e 2009. O aumento foi, em média, 8,5 vezes maior. Quem não gostaria de um reajuste generoso assim? Agora o Senado tem 60 dias para decidir se adota ou não o programa da FGV, que exigirá um sacrifício de 0,3% no orçamento de seus gastos. Decisão difícil.