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VOZ DE LULA Entre os concorrentes no PT, só Carvalho tem a confiança dos partidos aliados para fechar alianças nos Estados em 2010

O chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, é hoje o principal nome para assumir o comando nacional do PT em novembro. Além do apoio de 80% dos quadros do partido, conta com a simpatia de ministros de peso, como Tarso Genro, da Justiça, e Dilma Rousseff , da Casa Civil, e também de personagens que ainda exercem forte influência, como o ex-ministro José Dirceu.

Embora Lula ainda não tenha batido o martelo, nas conversas dos líderes petistas com dirigentes de partidos aliados para discutir as alianças regionais para 2010, a eleição de Carvalho é dada como favas contadas.

A certeza é tanta que um dos argumentos dos petistas para vencer o ceticismo dos aliados, como PMDB, PSB e PCdoB, quanto ao êxito das negociações nos Estados, é que Carvalho, na condição de "voz do presidente Lula no PT", terá a habilidade necessária para vencer os obstáculos.

"Ele é praticamente uma unanimidade. Tem experiência política, militância e é um excelente articulador", define o ex-governador do Acre Jorge Viana (PT), presidente da Helibrás e que também chegou a ser cotado para suceder o atual presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP).

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Ex-seminarista e dono de fala mansa, Gilbertinho ou Gil, como é conhecido pelos amigos mais íntimos, é um homem de estilo conciliador. Não por acaso, ele é tido no PT como um dos poucos a possuir a paciência indispensável para negociar com o emaranhado de tendências do partido. Mas sua fama de bom articulador transcende os limites petistas. Para adversários políticos, Carvalho é um interlocutor do governo que cumpre a palavra.

"A candidatura dele será bem recebida por todos nós"

Tarso Genro, ministro

"Ele sempre foi muito respeitoso comigo", atesta o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). Autoridade também não lhe falta. Carvalho pertence ao seleto grupo de pessoas que entram no gabinete presidencial sem bater à porta e chamam o presidente de "Lula". Conquistou a confiança em quase 30 anos de amizade. "Pode-se dizer que ele é hoje o mais antigo e leal companheiro dos tempos da República do ABC que ainda permanece ao lado do presidente", diz o ex-assessor de imprensa do governo, jornalista Ricardo Kotscho.

Por isso, o chefe de gabinete é autorizado, mesmo quando Lula está em Brasília, a receber em audiências ministros, deputados, prefeitos e representantes comunitários. Quando querem mandar algum recado ao presidente, é a ele que procuram.

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff , sabe da importância de Carvalho para o êxito de sua candidatura à Presidência em 2010. Tanto que defendeu o nome dele para presidente nacional do PT, na noite da terça-feira 14, em reunião fechada, na sede do partido, com a bancada petista de deputados federais. Segundo Dilma, Carvalho "é fundamental para construir a unidade partidária" para a primeira eleição presidencial da qual o PT participa sem que Lula seja candidato.

Há uma preocupação, tanto no PT quanto no governo, de que o partido entre numa guerra de foice e atrapalhe a candidatura de Dilma em vários Estados. Carvalho representa a certeza da unidade. Por exemplo, Tarso apoia o deputado José Eduardo Cardozo (SP), atual secretário-geral do PT, que se inscreveu para a sucessão de Berzoini. Integrante do grupo Mensagem ao Partido, segunda maior corrente petista, Genro admite, no entanto, fechar acordo em torno de uma chapa encabeçada por Carvalho.

"Ele é fundamental para construir a unidade partidária"

Dilma Rousseff, ministra

"A candidatura de Gilberto será bem recebida por todos nós", diz o ministro. A tendência Construindo um Novo Brasil também fez um abaixoassinado defendendo o nome do preferido de Lula. A única voz dissonante é a do secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar, que já disse que não abre mão de ser candidato.

Mas a corrente dele é minoritária. Outro trunfo de Carvalho é que sua eleição acalma os ânimos de dirigentes dos partidos aliados que ainda estão desconfiados das negociações para as candidaturas estaduais em 2010. Para eles, o próximo presidente do PT precisa ser o fiador da vontade de Lula. Só Carvalho se encaixa perfeitamente a este perfil. Em recente entrevista, ele disse que o PT precisa de "juízo" na hora de fechar as alianças. É tudo o que os aliados mais querem ouvir nesse momento.


Longe dos holofotes e mesmo sem cargo no PT, Carvalho já tem apagado incêndios no partido. Na disputa com o PMDB pelo comando do Senado, por exemplo, foi ele quem articulou o cessar-fogo, mesmo que provisório, entre o senador Tião Viana (PT-AC), o atual presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e o ministro das Relações Institucionais, José Múcio. O presidente Lula ainda não deu o sinal verde para o chefe de gabinete.

Primeiro porque tem Carvalho como braço direito. Além disso, por saber que o PT não é um partido fácil de lidar, o presidente tem dito que, para assumir o partido, é necessário que Carvalho tenha a mesma autoridade que ele exerce hoje como um de seus principais assessores. No PT, não resta dúvida. Em novembro, quando ocorrerão as eleições internas, Carvalho será o cara do cara na disputa. O aval do presidente Lula é apenas uma questão de tempo.


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