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Uma bela escritora argentina de 33 anos causa polêmica ao tratar da ditadura em seu país, das falhas do pensamento esquerdista da época e do alheamento da juventude atual. Ela é Pola Oloixarac e sua obra se chama “As Teorias Selvagens” (Benvirá), publicada como aquecimento para a Flip 2011, onde estará presente. Com doses de romance, filosofia e humor, Pola recebeu elogios do conterrâneo Ricardo Piglia, que definiu o livro como “selvagem e muito sereno”. Do lado oposto, a autora foi condenada por tratar com irreverência a memória de quem lutou contra a opressão do autoritarismo – ela se defendeu dizendo que fez uma crítica “esquerdista da própria esquerda”. Formada em filosofia, e admiradora de Clarice Lispector, Pola Oloixarac prova que seu sobrenome pode muito bem batizar um furacão literário.

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+5 autores argentinos contemporâneos

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ALANS PAULS (FOTO)
Sua obra mais conhecida no País é “O Passado”, adaptada para o cinema pelo cineasta Hector Babenco

CÉSAR AIRA
Tem mais de 40 livros no currículo, entre eles “Um Acontecimento na Vida do Pintor-Viajante” e “Noites de Flores”

MARCELO FIGUERAS
É autor do livro “Kamchatka”, que gerou o filme homônimo estrelado por Ricardo Darín

FLORÊNCIA ABBATE
Seu romance “Magic Resort”, lançado no Brasil, se passa no período entre o 11 de setembro e a crise argentina de 2004

SERGIO BIZZIO
Lançou no Brasil “Raiva”, sobre o amor entre um pdreiro e uma diarista que trabalha numa área chique de Buenos Aires

 

Leia um trecho do primeiro capítulo do livro:

Nos ritos de passagem praticados pelas comunidades Orokaiva,
na Nova Guiné, as crianças que serão iniciadas, meninos
e meninas, são inicialmente ameaçadas por adultos que se agacham
atrás dos arbustos. Os intrusos, que supostamente são espíritos,
perseguem as crianças gritando: “Você é meu, meu”. E as empurram
até uma plataforma como a que é usada para matar os porcos.
As crianças aterrorizadas são cobertas com um capuz que os deixa
cegos; são levados a uma cabana isolada no bosque, onde se
convertem em testemunhas de ordálios e tormentos que marcam
a história da tribo. Não é incomum, narram os antropólogos, que
algumas das crianças morram no curso destas cerimônias. Finalmente,
as sobreviventes voltam para a aldeia, vestidos com máscaras
e plumas como os espíritos que os ameaçaram no princípio,
e participam da caçada de porcos. Voltam não mais como presas,
mas como predadores, gritando a mesma fórmula que tinham
escutado dos lábios inimigos: “Você é meu, meu, meu”. Entre os
Nootka, Kwakiutl e Quillayute, no noroeste do Pacífico, são os
lobos — homens com máscaras de lobos — que ameaçam os
pequenos iniciados, perseguindo‑os a ponta de lança até empurrá‑los
ao centro dos rituais do medo; ao cabo dessas torturas
esotéricas, são introduzidos nos segredos do Culto do Lobo.