18/04/2011 - 18:16
A internet impulsionou e internacionalizou a demanda dos colecionadores, turistas e gozadores. A rede era ainda incipiente no "último casamento do século", o de Charles e Diana em 1981. Proliferam os artigos, "oficiais" e oficiosos, fabricados no Reino Unido e no exterior. William e Kate sorriem em 3,5 milhões de copos e em um incontável número de pratos, chaveiros, bonés, geladeiras, camisetas, etc.
Podem ser encontradas xícaras de porcelana decoradas com suas iniciais douradas. Mas há também latas de cerveja "Kiss me Kate", agasalhos para cães, imitações baratas de vestidos, anéis de noivado e até um livro que ensina a tricotar bonequinhos de pano dos protagonistas do casamento, incluindo o arcebispo de Canterbury. No total, a venda de produtos inspirados na cerimônia movimentará 226 milhões de euros, estima o Centro de Pesquisas do Comércio Varejista.
O empresário Andrew Cousins espera obter ganhos adicionais na ordem de um milhão de libras com sua companhia familiar, Peter Jones Ltd. O único problema: "é uma vergonha que um acontecimento real britânico seja comemorado com tantos produtos procedentes do Extremo Oriente", disse. "Não aos produzidos na China. ‘Made in UK’", protestou contra todas as previsões o vendedor do "Chinatown London Market", no coração do Soho, bairro turístico de Londres. Seu estabelecimento, que também é uma sala de massagem e uma casa de câmbio, está cheio de produtos com a imagem do casal, entre eles louças comuns, colheres de coleção e mini-carruagens de plástico.
Para garantir a etiqueta e o protocolo, Lord Chamberlain atualizou as orientações sobre as "lembranças oficiais" que apareceram pela primeira vez no jubileu da rainha Vitória em 1887. Os "extraoficiais" não podem exibir os símbolos reais. Devem ser "de bom gosto e isentos de publicidade". No entanto, os futuros noivos, que tentam ser modernos, toleraram a comercialização de guardanapos com suas imagens, que o Palácio de Buckingham considerava "vulgares". Resultado, a aparente tolerância virou relaxamento.
Fabricantes de bugigangas e imitadores não perderam a oportunidade. Há uma fotonovela feita com os casais reais na qual se pode ver a rainha dançando com Elton John em seu palácio. A Hugh Pomfret vende na internet caixas de preservativos "King size" com a foto de William e Kate em um medalhão. E manifesta a sua satisfação com a orientação liberal de uma indústria de lembranças "agora mais lúdica".
Lidya Leith comemora o sucesso de vendas de seus sacos de vômito adornados com um desenho do casal. "Os defensores e os contrários ao casamento gostam da brincadeira", assegurou. Outro produto, feito na China, é realmente único: celebra o casamento de Kate com o irmão mais novo de William, o príncipe Harry.
Tecnologia
Compromisso anunciado no Twitter, cerimônia transmitida pela primeira vez ao vivo pela internet: o casamento do príncipe William com Kate Middleton confirma o amor do palácio de Buckingham pela tecnologia digital. No dia 29 de abril, William e Kate vão se tornar o décimo-sexto casal de príncipes a se casar na abadia de Westminster de Londres. Mas será a primeira vez que o acontecimento será transmitido ao vivo na rede, o que pode resultar em uma audiência impressionante. O governo britânico estima que 2 bilhões de pessoas podem seguir o evento pela televisão em todo o mundo.
Um CD com a trilha sonora de cerimônia em formato digital será vendido quase simultaneamente no iTunes: E 10 dias antes, será lançado o primeiro aplicativo "real" para smartphones. O palácio de Buckingham, residência oficial da rainha Elizabeth II, entendeu os benefícios das novas tecnologias. O casamento foi anunciado em novembro em um comunicado da imprensa da forma mais tradicional, mas também na rede de microblogs Twitter.
A página da Clarence House (@ClarenceHouse), a residência londrina do príncipe Charles e de seus filhos William e Harry, divulga regularmente informações sobre o casamento aos seus 28 mil seguidores. Elizabeth II é apresentada frequentemente pelos serviços reais como uma pioneira da internet: tem um Blackberry e um iPod e foi a primeira monarca a enviar um "e-mail", em 1976, quando a internet dava seus primeiros passos.
O palácio tem sua própria página no site de vídeos YouTube, chamado de "Royal Channel", na rede social Facebook e no site para compartilhamento de fotos Flickr . Mais de 320 mil pessoas j[a curtiram a página real no Facebook. No entanto, não alcança os números de outras monarquias. A rainha Rania da Jordânia tem 600 mil seguidores no Facebook e outros 500 mil no Twitter.
"Utilizando as redes sociais, podemos nos comunicar com um público mais amplo de uma maneira nova e criativa", explicou à AFP Nick Loughran, responsável de imprensa do príncipe William. Para Tim Jordan, especialista em meios de comunicação no King’s College de Londres, as novas tecnologias permitirão sobretudo à monarquia, financiada pelos contribuintes, justificar sua existência nestes tempos de austeridade econômica.
"Utilizam Facebook e Twitter para mostrar quanto trabalho fazem, em particular os membros menos importantes da família real que não recebem tanta atenção na imprensa tradicional. Ajuda a justificar sua posição", explicou à AFP. Estas redes também permitem à realeza estar mais perto de uma população da qual frequentemente parece distante, afirma Charlie Beckett, diretor do centro de reflexão sobre a imprensa "POLIS".
O episódio trágico de 1997 demonstrou isso grosseiramente. A rainha rejeitou em um primeiro momento expressar sua tristeza em público após a morte de Diana, enquanto o país inteiro chorava desconsolado. A opinião "oscilava para o lado republicano", lembrou Beckett. "A família real não quer voltar a ser percebida jamais como tão desconectada", ressaltou.
Mas os tradicionalistas podem se tranquilizar: a revolução tecnológica não vai se apoderar do palácio por enquanto. As mensagens lembrando as outras casas reais europeias do casamento foram enviadas, no mais puro estilo do final do século passado… por fax.