Imagine entrar em um restaurante e não entender uma palavra do cardápio. Pior: perguntar para o garçom e ficar sem resposta. Complicado? Pois isso não acontece apenas com brasileiros no Exterior. Também ocorre aqui, principalmente nos restaurantes de hotéis internacionais, como os da rede Meliá, onde os clientes estrangeiros correspondem a 60% de sua ocupação. Ainda é raro encontrar garçons no Brasil que falem uma língua estrangeira, principalmente o inglês. Mas já há um esforço para mudar esse quadro. Surgem iniciativas isoladas em São Paulo e no Rio de Janeiro que deverão ser reforçadas com a intenção do Ministério do Turismo de criar no ano que vem o Sistema Brasileiro de Qualificação e Certificação para o Turismo.

Em São Paulo, foi a escola de línguas Centro Cultural Americano, com 70 unidades espalhadas pelo País, que abriu no início de julho um curso de inglês especial para garçons. “Tínhamos dois garçons matriculados em um curso regular da língua. Mas sentimos que eles precisavam de um material específico, que suprisse as dificuldades que encontram na profissão”, conta Luiz Hirata, diretor da unidade Brooklin da escola. Todo o material usado em sala de aula é direcionado ao dia-a-dia deles. Com o livro Ready to order, da editora inglesa Longman, eles aprendem, entre outras coisas, como receber o cliente, apresentar o menu, atender uma reserva e resolver uma reclamação.

“Os maiores problemas acontecem quando o cliente quer fazer alguma mudança num prato ou um pedido que não está no cardápio”, conta o garçom Rogério Cruz, aluno da turma do Meliá Comfort, nos Jardins, em São Paulo. Apesar do preço do curso, que não é subsidiado pelos hotéis, ser meio salgado – R$ 450 por 40 horas de aula –, em apenas duas semanas, foram abertas mais duas turmas de dez alunos: uma no hotel Hyatt e outra no Gran Meliá. Animados com o interesse, a escola deve formar outro grupo em setembro.

Bem mais em conta sai o curso de inglês oferecido pelo Sindicato de Garçons e Maîtres do Rio de Janeiro. Na verdade, é gratuito – o aluno só paga R$ 10 pela apostila –, e foi desenvolvido para a área de alimentos e bebidas. “No ano passado, oferecemos o curso pela primeira vez e foi um sucesso. Devemos repetir no final de 2003. Serão 80 horas de aula”, conta Raimundo Rodrigues, diretor jurídico do sindicato.

O governo também deve entrar em campo para melhorar o nível de inglês de nossos garçons com a criação do Sistema Brasileiro de Qualificação e Certificação para o Turismo, que segundo o Ministério do Turismo começa a funcionar em 2004. O sistema deverá apoiar e incentivar cursos de capacitação não só para esse tipo de profissional, mas para todas as pessoas envolvidas com turismo, como taxistas e demais funcionários de agências de viagens e hotéis. “Não iremos criar cursos, mas apoiaremos escolas, desenvolvendo material, como apostilas, vídeos, etc. Queremos aumentar o fluxo de turistas no Brasil e cursos de línguas são essenciais para este crescimento”, afirma Carla Nasis, diretora de capacitação de produtos associados ao turismo do Ministério.

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