Paulistana de nascimento, há uma década radicada em Nova York, em apenas quatro discos Luciana Souza tornou-se um dos maiores nomes da música brasileira em atividade nos Estados Unidos, indicada ao Grammy e incensada pela revista Down Beat. Em seu álbum mais recente, Norte e sul – north and south, a cantora fecha uma trilogia iniciada com The poems of Elizabeth Bishop and other songs, seguido de Brazilian duos. Dona de voz macia, Luciana tem um pacto genético com a música. Seus pais, Walter Santos e Tereza Souza, são donos do Nosso Estúdio, que durante anos manteve o selo Som da Gente, especializado em música instrumental. Como resultado, Luciana cresceu ouvindo e convivendo com o que há de melhor. Hermeto Pascoal, por exemplo, é seu padrinho de batismo. Já nos Estados Unidos, onde chegou em 1986, formou-se em composição e atualmente leciona na Manhattan School of Music.

A surpresa, no entanto, está na sua multiplicidade. Luciana não apenas canta muito bem como é responsável pelos arranjos de todos os seus discos e shows, fazendo um delicado equilíbrio entre música brasileira e jazz. Em Norte e sul, por exemplo, escreveu para piano, baixo, bateria e sax recriações preciosas para clássicos das duas culturas nas quais foi criada. Perto de Chega de saudade, de Se é tarde me perdoa, de All of me ou de Never let me go, suas composições não fazem feio. São praticamente standards instantâneos.