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O ex-presidente egípcio Hosni Mubarak e seus dois filhos, Alaa e Gamal, foram detidos nesta quarta-feira pela polícia depois de a Procuradoria Geral ter ordenado sua detenção para dar sequência às investigações abertas contra eles, segundo fontes de segurança. Mubarak se encontra sob detenção no Hospital de Sharm el-Sheikh, onde foi internado na terça-feira após sofrer uma crise cardíaca durante um interrogatório judicial.

Segundo a emissora de televisão pública egípcia, os dois filhos do ex-líder estão detidos na prisão de Tora, nos arredores do Cairo, onde estão presos vários representantes do regime de Mubarak.

De acordo com a edição digital do diário independente Masrawy, Alaa e Gamal chegaram ao Cairo na manhã desta quarta-feira em um avião militar que partira da localidade de Sharm el-Sheikh, onde acompanhavam o pai e o restante da família.  Entre os detidos na prisão de Tora estão o ex-primeiro-ministro egípcio Ahmed Nazif e os ex-ministros de Interior Habib el-Adli e de Turismo Mohammed Zuhair Garana, assim como ex-altos cargos do Partido Nacional Democrático (PND) de Mubarak. Todos são acusados de corrupção, desvio de verbas e enriquecimento ilícito.

A prisão de Tora é a mais famosa do Egito por abrigar a maioria dos detidos políticos durante o regime de Mubarak. Alguns deles ainda estão presos, e compartilham as celas com os responsáveis do regime que os encarcerou.  A ordem de detenção de Mubarak e de seus dois filhos, por 15 dias, enquanto são realizados os procedimentos judiciais, foi anunciada na manhã desta quarta-feira pela Procuradoria Geral do Egito em comunicado divulgado na rede social Facebook. Mubarak se encontra na localidade de Sharm el-Sheikh, às margens do Mar Vermelho, desde que renunciou ao poder, em 11 de fevereiro.

Ontem, o interrogatório de Mubarak aconteceu em um hospital em Sharm el-Sheikh, depois que o ex-líder sofreu uma crise cardíaca, enquanto seus dois filhos foram interrogados em um tribunal dessa mesma localidade. No domingo, em sua primeira mensagem pública desde que abandonou o poder, Mubarak negou ter contas bancárias fora do país e criticou os que pretendem manchar seu "histórico militar e político".

Logo depois da difusão da gravação foi publicada uma ordem da Procuradoria Geral para interrogar o ex-presidente e seus dois filhos pela suposta implicação em ataques contra manifestantes durante os protestos que eclodiram em 25 de janeiro, por abuso de poder e por obter comissões e lucros econômicos.

A detenção de Mubarak e dos representantes de seu regime era uma das principais exigências dos grupos que protagonizaram a rebelião popular egípcia, e a reivindicação seguia nos protestos políticos mantidos desde o fim do regime. Os principais grupos da oposição egípcia, incluindo a Irmandade Muçulmana, oferecerão na tarde desta quarta-feira uma entrevista coletiva na qual anunciarão a suspensão dos protestos políticos que mantiveram até agora, segundo a convocação.

Com isso, a praça Tahrir, epicentro das manifestações políticas durante a rebelião e a etapa posterior, se encontrava no decorrer do dia de hoje já sem a presença dos grupos que haviam se instalado nos últimos dias.

Protestos

No dia 16 de dezembro de 2010, em ato de protesto contra o governo, um jovem desempregado morreu após imolar-se em público na capital da Tunísia. Poucas semanas depois, uma onda de protestos por melhores condições varreu o país, culminando na deposição do presidente Ben Ali. Em fevereiro, o mesmo sentimento popular tomou corpo no Egito, onde a população manteve protestos massivos até a renúncia de Hosni Mubarak.

Esses feitos irradiaram pelo norte africano e pela península arábica. Na Líbia, protestos desembocaram em uma violenta guerra civil entre rebeldes e forças de Muammar Kadafi, situação que levou a comunidade internacional a intervir no país. Mais recentemente, Iêmen e Síria vêm vivendo protestos de maior vulto. Argélia, Bahrein, Jordânia, Marrocos e Omã também vêm sendo palco de contestação política.