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Respirar corretamente é a maneira mais simples de manter a memória afiada. Essa é a conclusão de um estudo que avaliou a influência do treinamento respiratório na melhoria da qualidade de vida do idoso. A pesquisa foi o tema da tese de doutorado da fisioterapeuta Marisa Pereira Gonçalves, da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, feita sob orientação de Carlos Tomaz, da Universidade de Brasília. O estudo envolveu 32 voluntários com idades entre 60 e 78 anos, divididos em dois grupos. Metade ingressou em um programa para exercitar os músculos respiratórios – diafragma, intercostais e escalenos. O treinamento envolvia exercícios direcionados para os membros superiores, feitos com alteres, e o uso de um aparelho chamado Threshold, que funciona por meio de inspiração e sopro e ajuda a melhorar a força respiratória. O programa durou três meses. O outro grupo não praticou atividade física neste período.

Além da dificuldade para inspirar profundamente, os idosos também se queixavam da dificuldade para se lembrar de informações. Ao final dos três meses, porém, o quadro era bem diferente. “Eles tiveram uma melhora significativa na capacidade respiratória e na memória”, relata a pesquisadora. A conclusão em relação à capacidade de armazenagem de informações foi obtida após um teste que envolveu a exibição de um filme. A intenção era saber se os idosos conseguiriam se lembrar mais da história depois dos exercícios. “O grupo que assistiu ao filme depois do treinamento lembrou-se não apenas da história, mas de detalhes visuais, como a cor dos sapatos dos personagens e de objetos do cenário”, conta Marisa. O teste foi feito dez dias após a exibição e incluiu ainda um extenso questionário sobre a história do filme. “Ficou demostrado que a memória declarativa episódica, aquela que registra informações recentes, eventos, em geral comprometida pela idade, ficou mais ativa”, afirma a cientista. Já o grupo que viu primeiro o filme e só depois fez os exercícios teve desempenho muito abaixo do esperado. A explicação é a de que o exercício respiratório aumentou a circulação sangüínea e, conseqüentemente, a oxigenação no cérebro. “Além de outros efeitos, isso estimulou a comunicação entre os neurônios, particularmente os localizados no hipocampo, responsável pela memória e emoções”, explica Marisa. Ela acredita que, a partir desses resultados, programas semelhantes poderão ser usados no tratamento de doenças neurodegenerativas que causam demência, como o mal de Alzheimer.

Na semana passada, foi divulgada outra boa notícia na neurologia. Um homem de 38 anos que havia sofrido lesões cerebrais e apresentava pequeno grau de consciência voltou a manifestar alguma interação com as pessoas após a implantação de eletrodos no cérebro. O experimento foi feito na Faculdade Médica Weill Cornell, em Nova York. Os sinais elétricos emitidos pelo dispositivo estimularam neurônios e permitiram a pronúncia de algumas palavras e movimentos.