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A usina de Fukushima em 1986
e em 2011, após o acidente
 

 

As autoridades do Japão afirmaram nesta terça-feira (12) que o acidente nuclear de Fukushima situa-se no mesmo nível de gravidade do desastre de Chernobyl, ocorrido há 25 anos, embora destacando que a radiação emitida pela central japonesa é menor que a registrada na explosão da usina ucraniana.

Duas novas réplicas de magnitude 6,2 e 6,0 voltaram a assustar os moradores da região nordeste nesta terça, embora sem causar danos ou vítimas. Os sismos foram sentidos em Tóquio, a 170 km de distância, onde os edifícios tremeram.

Os sucessivos tremores secundários do devastador terremoto de magnitude 9, ao qual se seguiu um tsunami no dia 11 de março, são um tormento na rotina dos sobreviventes da catástrofe, que já sofrem com a vida nos abrigos e a situação precária de suas cidades. Foram mais de 400 com magnitude superior a 5.

Em um atitude inesperada, o Serviço de Segurança Nuclear japonês anunciou sua decisão de elevar ao nível máximo de gravidade o acidente de Fukushima, situando-o no patamar 7 da Escala Internacional de Incidentes Nucleares e Radiológicos (INES), o mesmo de Chernobyl. Até esta terça-feira, o acidente permanecia classificado no nível 5 da escala INES, que vai de 1 a 7.

O nível 7, que correponde a um "acidente grave", significa que "ocorreu uma emissão maior de materiais radioativos" com "efeitos generalizados na saúde e no meio ambiente", de acordo com a descrição da INES. O Serviço de Segurança Nuclear japonês indicou que o novo patamar é "provisório", e que a decisão foi tomada devido "às medições de iodo e césio registradas no meio ambiente". Entretanto, destaca, a decisão definitiva ficará a cargo de um comitê de especialistas internacionais.

Ao mesmo tempo, o Serviço explicou que o nível das emissões radioativas registrado desde o início da crise nuclear em Fukushima equivalia apenas a 10% das quantidades liberadas em 1986 após a catástrofe na central ucraniana. As medidas disponíveis da radioatividade que escapou da usina de Fukushima "mostram níveis equivalentes ao nível 7", declarou um funcionário do Serviço. "Houve emissões de vapor e fumaça em Fukushima, mas não com a mesma amplitude e natureza que em Chernobyl", acrescentou.

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Desastre em 86

A explosão do reator 4 da central ucraniana, em 26 de abril de 1986, emitiu em 10 dias cerca de 12 bilhões de becquerels no meio ambiente – ou 30.000 vezes mais que o total das emissões radioativas atmosféricas anuais no mundo.

Muitos países reforçaram seu controle sobre alimentos importados do Japão; alguns chegaram a proibi-los. O país também registra uma forte queda do turismo. Na central de Fukushima, os técnicos continuam desafiando a radiação para reativar os sistemas de resfriamento dos reatores, danificados pelo terremoto e pelo tsunami de 11 de março.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, afirmou nesta terça-feira que a situação na central nuclear de Fukushima está sendo estabilizada passo a passo, e que os vazamentos radioativos registram diminuição. "Passo a passo, os reatores da central avançam para a estabilidade. O nível de vazamento radioativos está caindo", afirmou em uma entrevista coletiva.

Kan pediu aos japoneses que retomem sua vida normal, após a tragédia que deixou mais de 27.000 mortos e desaparecidos. Na segunda-feira, o governo mostrou-se prudentemente otimista, estimando que "o risco de que a situação na central se deteriore e leve a um novo vazamento radioativo maior reduziu-se consideravelmente".

Ao mesmo tempo, as autoridades anunciaram novas evacuações além da zona de exclusão de 20 km, devido às novas medições de radioatividade. Especialistas acreditam que a região de Fukushima, cuja principal fonte de renda é a atividade agrícola, pode ficar isolada durante anos, da mesma forma que até hoje vigora uma zona de exclusão de 30 km ao redor de Chernobyl.