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A primeira visita da presidente Dilma Rousseff à China rendeu compromissos do governo do presidente chinês, Hu Jintao, que atendem em parte aos apelos dos empresários brasileiros. Hu Jintao promete abrir o mercado chinês aos produtos do Brasil, como carnes suína e bovina, além de aves, tabaco e frutas cítricas. As parcerias incluem ainda questões sociais, de turismo, educação e esportes.

As parcerias foram sintetizadas em um comunicado conjunto anunciado nesta terça-feira (12) por Dilma e Hu Jintao, que reúne 29 pontos, durante solenidade em Pequim. “[Os presidentes] coincidiram em estender a cooperação para novas áreas, com base nos princípios de respeito mútuo, igualdade e benefício recíproco”, resumiu do documento.

No comunicado, a China sinaliza que pretende atender ao apelo do empresariado brasileiro para abrir seu mercado. “A parte chinesa manifestou disposição de incentivar suas empresas a ampliar a importação de produtos de maior valor agregado do Brasil. A parte brasileira reafirmou o compromisso de tratar de forma expedita a questão do reconhecimento da China como economia de mercado”, diz o texto.

De acordo com o documento, Dilma e Hu Jintao “mantiveram reunião em clima cordial e amistoso”. Durante a conversa desta terça com Dilma também estavam presidentes o presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, Wu Bangguo, e o primeiro-ministro do Conselho de Estado, Wen Jiabao.

No comunicado, Dilma e Hu Jintao afirmam “considerar como positivos os resultados alcançados com a visita, cujo sucesso contribuirá para dar renovado impulso ao desenvolvimento da Parceria Estratégica Brasil-China”. Ao longo do dia, foram assinados acordos de cooperação nas áreas de política, defesa, ciência e tecnologia, recursos hídricos, esporte, educação, agricultura, energia elétrica, telecomunicações e aeronáutica.

De acordo com o documento, chineses e brasileiros consideram ainda que houve avanços na cooperação econômico-comercial envolvendo os dois países, nos últimos anos. O texto lembra que, desde 2009, a China é o principal parceiro econômico do Brasil – com superávit para o lado brasileiro.

O texto confirma ainda a parceria para ação conjunta envolvendo a aviação executiva e regional, referindo-se às empresas de transporte aéreo da China e a Embraer. Depois de muitas discussões, a fabricante brasileira Embraer, finalmente, começará a produzir o jato executivo Legacy. Como foi anunciado pelo Ministério da Agricultura, informando que três frigoríficos brasileiros passarão a exportar carne suína para a China – maior mercado do mundo -, o documento divulgado nesta terça confirma a iniciativa.

Pelo acordo, será fortalecido o “diálogo” para a promoção do comércio de alimentos e produtos agrícolas entre ambos. Segundo o texto, serão acelerados os processos de registros de novos estabelecimentos comerciais brasileiros – nas áreas de carnes bovina e suína, além de aves – que venderão produtos para a China.

Copa do Mundo

A três anos da Copa do Mundo do Brasil, o presidente da China acertou nesta terça (12) com a presidente Dilma Rousseff o investimento de chineses nas áreas de eventos esportivos no Brasil não só em 2014, como também em 2016 nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Mundo. O acordo foi firmado durante a visita de Dilma a Pequim e anunciado pelos dois presidentes.

De acordo com o comunicado, os governos chinês e brasileiro “reconheceram o elevado potencial de cooperação” na área de infraestrutura, sobretudo em projetos no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), nos setores de transporte e energia.
“[Os governo da China e do Brasil] reconheceram o potencial para o estabelecimento de parcerias brasileiras e chinesas em projetos de construção de infraestrutura relacionados à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016”, diz o documento.

O texto do comunicado lembra que chineses e brasileiros fizeram parcerias, em 2008, durante a organização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos e negociaram acordos para os Jogos Olímpicos Juvenis de 2014.

Paralelamente, Dilma e Hu Jintao se comprometeram a simplificar e melhorar os serviços e trâmites regulamentares para a concessão de vistos e permanência envolvendo chineses e brasileiros. O objetivo, segundo o acordo, é incentivar os programas de turismo e incrementar os projetos em educação e treinamento pessoal.

Mas o acordo dependerá de uma série de consultas entre os dois governos e mais negociações. Por enquanto, a parceria negociada pelos presidentes dá início às articulações para pôr em prática as medidas efetivas que resolvam os eventuais problemas que surjam no fluxo de pessoas. O texto faz parte de um comunicado conjunto firmado hoje por Dilma e Hu Jintao, que reúne 29 pontos.

A presidenta está na China para uma viagem de seis dias. Ela participa de uma série de encontros bilaterais e multilaterais. Os principais temas envolvem economia e comércio, mas outros assuntos também foram incluídos nas conversas. Dilma retornará ao Brasil no dia 18.

Direitos humanos

Um dos temas mais delicados da política chinesa, os direitos humanos, também foram abordados na conversa entre os dois dirigentes. Dilma e Hu Jintao se comprometeram a desenvolver ações comuns para as “boas práticas”, segundo o comunicado conjunto assinado nesta terça-feira. No documento, ambos os presidentes decidiram criar um grupo de trabalho que irá desenvolver ações de combate à pobreza.

Pelo texto, Dilma e Hu Jintato irão intensificar a cooperação na área social, em especial sobre políticas e programas de combate à pobreza. Por isso será criado o grupo de trabalho sobre temas sociais e combate à pobreza.

O comunicado conjunto de Dilma e Hu Jintao ocorre no momento em que o governo chinês é acusado de manter preso, por motivações políticas, o artista plástico Ai Weiwei. Crítico do governo, o artista é suspeito de atos impróprios. Nesta terça o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês se recusou a fornecer informações sobre Ai Weiwei.

De acordo com o comunicado conjunto, Dilma e Hu Jintao se comprometeram ainda a intensificar os esforços para a execução de uma “economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” e “o marco institucional para desenvolvimento sustentável”.

Ambos os presidentes reiteraram o compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, em especial aqueles relacionados ao desenvolvimento sustentável e à segurança alimentar e nutricional.