De fortes e fracos…
Nada deixou o ex-ministro da Saúde José Serra mais feliz, nos
últimos tempos, do que a desastrada decisão do relator da reforma tributária, Virgílio Guimarães (PT-MG) – inspirada no ministro da Fazenda, Antônio Palocci –, acabando com a vinculação da CPMF
a ações na área de Saúde. Ficou claro que só um ministro forte na área social, como era Serra no governo FHC, pode vencer quedas-
de-braço com a área econômica na hora de se distribuir o bolo orçamentário. Mente independente, o deputado Fernando Gabeira (PT-RJ) chama a atenção para um detalhe da formação do Ministério de Lula: “Está repleto de não-eleitos”, petistas que não conseguiram cargos eletivos, como o atual ministro da Saúde, Humberto Costa, ou ainda Benedita da Silva (Assistência Social), Jacques Wagner (Trabalho), José Fritsch (Pesca), Emília Fernandes (Mulheres), etc., etc. “Todos devem o que têm agora ao presidente, não criarão qualquer tipo de problema”, alerta Gabeira. No caso da Saúde, “não criar problemas” pode significar simplesmente a perda de R$ 5 bilhões no orçamento do ano que vem.

Questão de hábito

No seu primeiro depoimento à CPI do Banestado, Alberto Dalcanale, dono do banco Araucária e acusado de diversas fraudes, ia saindo de fininho com a pasta de documentos do presidente da Comissão, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT). O senador deu por falta dos papéis sigilosos, com seu timbre na capa, e desconfiou do depoente. Mandou que o barrassem na portaria do Senado. Lá, Dalcanale disse que a pasta não estava com ele. Revistado, acabou devolvendo a papelada.

Punição severa

O ex-líder do PT na Câmara Walter Pinheiro (BA) foi um dos oito rebeldes que se abstiveram na votação da reforma da Previdência. Ele não tem dúvidas de que a cúpula do partido tentará puni-lo. E explica que a suspensão não é tão pouco assim: “Contando os prazos para convenção partidária, se estivermos suspensos não poderemos nos candidatar a cargos eletivos. Acho que é isso que eles querem fazer com a gente.”

Desdolarização do Mercosul

O Banco Interamericano de Desenvolvimento decidiu estimular os governos do Brasil e da Argentina a “desdolarizar” as economias do Mercosul. Segundo publica o site www.cartacongresso.com.br, o presidente do BID, Enrique Iglesias, desempenha o papel de animador desse debate, por enquanto restrito aos bastidores do poder no eixo Washington, Brasília e Buenos Aires.

O eixo Brasília–Piauí

Fayad Trabousli, um dos principais doleiros de Brasília, já prestou depoimento ao subprocurador-geral da República José Roberto Santoro sobre a evasão de dólares no Ministério dos Transportes durante o governo passado. Fayad está quase recebendo ordem de prisão. Se não por este escândalo, por um outro que deve eclodir nos próximos dias e que também está sendo investigado pelo Ministério Público: desvio de R$ 14 milhões em obras no Piauí para beneficiar uma empreiteira e o então governador.

Rápidas

• O PMDB avisou ao ministro da Casa Civil, José Dirceu: só aceita o Ministério da Infra-estrutura se forem demissíveis os assessores da chamada “República de Sobral”

• Sobral é a cidade de onde vem o ministro Ciro Gomes, que acaba de indicar mais um amigo cearense, o ex-deputado Paulo Linhares, para assessor especial na área de Cultura.

• O ex-senador Íris Rezende (PMDB-GO) já está em campanha para a vaga no Tribunal de Contas da União, aberta com o pedido de afastamento do ministro Iram Saraiva.

• Na sessão secreta da CPI do Banestado em que o tucano Arthur Virgílio pediu a convocação do diretor do BC e do presidente do BB, o petista Aloizio Mercadante ameaçou chamar José Serra.