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O centro da capital mineira, Belo Horizonte, praticamente parou para acompanhar o cortejo com o corpo do ex-vice-presidente José Alencar. O caixão foi levado por um carro antigo do Corpo de Bombeiros, o mesmo que transportou o do ex-presidente Tancredo Neves, em 1985.
Muitas pessoas acenavam, aplaudiam e tentavam registrar o momento com câmeras de celular. Algumas delas seguravam a bandeira do Brasil, lenços roxos – demonstrando luto –, cartazes com agradecimentos, fotos de Alencar e reportagens de jornal falando do ex-vice-presidente.

Até os trabalhadores pararam as obras nos altos dos prédios para acompanhar o carro. Ao passar pela Praça 7, palco do último discurso feito por Alencar, o cortejo foi recebido por uma chuva de papel picado. Esse discurso foi feito durante a campanha pela disputa do segundo turno das eleições presidenciais, quando Alencar mesmo debilitado pelo tratamento do câncer decidiu subir em carro aberto e pedir apoio a Dilma Rousseff.

Ao passar em frente à prefeitura, a sacada do prédio estava tomada por funcionários, e as bandeiras hasteadas a meio mastro em sinal de luto. O cortejo também passou em frente à Câmara de Dirigentes Lojistas, da qual Alencar foi presidente, e muitos funcionários renderam as últimas homenagens.

Políticos comparecem

O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), chegou na manhã desta quinta-feira (31) ao Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, onde ocorre o velório do corpo do ex-vice-presidente José Alencar. Anastasia acompanhou no aeroporto a chegada do corpo e destacou o exemplo que o ex-vice-presidente deixou, não apenas na vida empresarial vitoriosa, mas também na vida política.

O vice-governador mineiro, Alberto Pinto Coelho (PP), destacou o espírito conciliador de Alencar. "Na vida pública, ele sempre se colocou acima das questiúnculas partidárias. Existe uma máxima na política de que adversários não mandam flores, mas políticos virtuosos merecem flores de todos nós", afirmou.

O ex-ministro Patrus Ananias lembrou da época quando era candidato à prefeitura da capital mineira, em 1992, e Alencar, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). "O Alencar quebrou a desconfiança recíproca entre o meu partido e os empresários", contou. "Ele se tornou uma referência e ganhou lugar definitivo na história de Minas Gerais, do Brasil e no coração dos brasileiros. Por isso vai ressuscitar sempre entre nós", completou.

Já o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), destacou que Alencar "foi o grande pêndulo para o centro" da chapa presidencial encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva, vitoriosa em 2002.

Suposta filha desiste de ir a velório

A professora aposentada Rosemary de Moraes, que move ação judicial para ser reconhecida como filha do ex-vice-presidente José Alencar, decidiu hoje não comparecer ao velório dele, no Palácio da Liberdade, no centro de Belo Horizonte, para evitar "constrangimentos". "Ela até iria comparecer, mas, de última hora, decidiu não vir. Ela ficou constrangida", afirmou o advogado de Rosemary, Geraldo Jordan. De acordo com Jordan, a professora aposentada ficou "magoada" pela decisão da família de Alencar de cremar o corpo, o que, segundo ela, dificultaria a realização de um exame de DNA.

"Ela sentiu-se agredida", afirmou. O advogado de Rosemary disse que, até essa quarta, ela estava decidida a comparecer ao velório acompanhada do marido e dele. A ideia seria sair de Caratinga, no Vale do Rio Doce (MG), e pegar a fila com os populares no palácio. Conforme Jordan, a professora disse que estava muito abalada. "Ela estava chorando muito."