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Junte o estilo clássico de Rogério Fasano e os traços vanguardistas do designer francês Philippe Starck. Agora coloque tudo isso em um mesmo projeto à beira-mar. Esta é a receita do hotel Fasano Rio de Janeiro, que tem inauguração prevista para dia 14 de agosto. Encrustado na esquina da avenida Vieira Souto com a rua Joaquim Nabuco, em Ipanema, o novo hotel-butique é o resultado do embate das duas grifes – Fasano, na gastronomia e hotelaria, e Starck, na arquitetura e design. Um encontro de feras que faz do empreendimento um sucesso antes mesmo de ser inaugurado. "O bom gosto do Rogério deu o toque brasileiro e carioca ao projeto internacionalizado do Starck", conta o designer brasileiro Sérgio Rodrigues, que forneceu as poltronas e cadeiras com ares dos anos 50 e 60 para os 99 apartamentos.

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De personalidade forte, Fasano conseguiu o que se imaginava quase impossível: se impôs diante da criatividade efervescente do designer mais badalado do mundo. Um exemplo foi a escolha dos móveis. A cadeira de Rodrigues, mestre brasileiro internacionalmente reconhecido, é uma vitória do restaurateur. No projeto original, Starck havia desenhado um modelo de poltrona com traços muitos similares ao de Sérgio Rodrigues. Fasano não titubeou. Convenceu Starck a usar o produto nacional.

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ISTOÉ teve acesso às dependências do hotel e pôde constatar como se deu a mistura de estilos. O primeiro impacto é o balcão de madeira pequiá instalado no lobby, que pesa quatro toneladas. No corredor com piso de vidro e iluminação embutida – nitidamente uma solução de Starck – está localizado o Londra, um lounge bar no melhor estilo Baretto, o sofisticado e sisudo bar do Fasano, em São Paulo. Lá serão apresentados pocket shows para adicionar mais glamour à avenida mais cara do País. Ao ambiente com paredes de tijolo aparente e mobiliário de couro – bem ao estilo Gero, um dos restaurantes da família Fasano – foram acrescentadas cadeiras assinadas por Starck, semelhantes às encontradas no bar Corg, em Paris.

A mistura entre o clássico e o ultramoderno não é novidade para o francês. O designer valeu-se de poltronas Luís XV e pesadas cortinas de veludo para arrematar projetos arrojados nos hotéis Sanderson, em Londres, Delano, em Miami, e Hudson, em Nova York. Mas desta vez ele teve de fazer concessões, já que tudo dentro do Fasano Rio lembra – e muito – a unidade paulistana do hotel. Do excesso de madeira dos móveis ao ônix bruto trazido da China, que escurecem o ambiente praiano. De Starck puro, sobraram o espelho ameba, as mesas tronco na cabeceira da cama e as fotos antigas do Rio estampadas na porta de correr que separa o quarto do banheiro. Já o vidro cor-de-rosa proposto para o box, que daria um toque de surrealismo totalmente starckiano, foi vetado. Mas o francês deixou a sua marca na piscina panorâmica na cobertura do prédio de oito andares. O deque com a vista para as Ilhas Cagarras, a Pedra do Arpoador e o Morro Dois Irmãos, dá a sensação de que o hotel está flutuando em alto-mar.

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Antes mesmo da inauguração, a obra tem chamado a atenção de quem passa. "Com a estrutura de ferro, não dá para saber se já foi concluído ou se o dinheiro terminou", diz o executivo francês Alexander Walk, de 33 anos. "É mais paulistano do que carioca", afirma a professora aposentada Ady Jacomel Aguiar, 75 anos, que mora nos fundos do hotel e não cansa de olhar para a estrutura de vidro e vigas de ferro que contrasta com a claridade dos mármores e vidros cristalinos da maioria dos edifícios da avenida Vieira Souto. Ali dentro, 99 apartamentos de 35 m2 a 107 m2, cujas diárias custarão a partir de R$ 945, aguardam por hóspedes.

A menos de 15 dias da abertura oficial, o hotel-boutique já foi praticamente todo comercializado. Investidores dispostos a pagar de R$ 613 mil a R$ 2,5 milhões por um apartamento estão ansiosos para ver a estrutura funcionando. "Estava faltando um hotel desse tipo no Rio. O Copacabana Palace está desatualizado", diz o empresário Eli Elimelech, 44 anos, que prevê resgatar todo o valor investido em oito anos. Além dos serviços de hospedagem, o hotel oferecerá a alta gastronomia pela qual a família Fasano é famosa. Há um mês o chef Salvatore Loi, responsável pelas cozinhas de todo o grupo, está no Rio para recrutar e treinar a nova equipe do Fasano al Mare. O restaurante ficará sob o comando do chef Luca Guzzoni, recrutado na Enoteca Pinchiorri, de Florença, que tem três estrelas no Guia Michelin. Uma grife a mais para um hotel cheio delas.