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BOA COMPANHIA
Wagner Moura (foto) vai contracenar com
Matt Damon e Jodie Foster em “Elysium”

Casado e pai de um garoto pequeno, o ator Wagner Moura vai ter de reorganizar toda a sua vida nos próximos meses. Com um filme recém-lançado no Brasil, “Vips”, sobre o falsário Marcelo Nascimento da Rocha, e outro título nacional na agenda, ele está prestes a se mudar em julho para Hollywood. Moura foi convidado pelo diretor sul-africano Neill Blomkamp, um dos nomes mais bem cotados da nova geração de cineastas e responsável pelo sucesso “Distrito 9”, para fazer nos EUA outra ficção científica: “Elysium”. Engorda, assim, a lista de atores brasileiros com green card na indústria de cinema mais importante do mundo que já conta com Rodrigo Santoro, Alice Braga e Giselle Itié. A invasão verde-amarela se dá também atrás das câmeras. José Padilha, diretor de “Tropa de Elite”, acaba de ser contratado pelos estúdios MGM para revitalizar o blockbuster “RoboCop” e Heitor Dhalia, conhecido por “À Deriva”, se encontra em Los Angeles cuidando da pré-produção de “Gone”, uma história policial estrelada por uma das sensações do momento – a atriz Amanda Seyfried, de “Mamma Mia!”. A eles se junta Marcos Jorge, de “Estômago”, também com um projeto americano.

Desde a ida de Carmen Miranda e da mudança de Sonia Braga e Bruno Barreto para os EUA, nunca o Brasil exportou tantos profissionais para Hollywood. O movimento oposto também tem se verificado, ou seja, o País está se tornando um destino cobiçado de superproduções – as mais recentes foram “Velozes e Furiosos 5” e “Amanhecer”, da série “Crepúsculo”, ambas com cenas tocadas no Rio de Janeiro. “É um momento especial para o Brasil. A indústria de cinema de vocês vem crescendo e acho que isso é apenas o começo”, disse à ISTOÉ o agente americano Brent Travers, manager de Wagner Moura em Los Angeles e um dos responsáveis pela negociação que o levou a “Elysium”.

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“Em Hollywood a pressão é
muito maior, são mais de dez
produtores, todo mundo tomando conta”
Rodrigo Santoro, ator

Travers é um entre dezenas de profissionais estrangeiros que vêm se especializando em agenciar atores e diretores nacionais nos EUA. Há algum tempo ele e sua sócia brasileira, Ilana Brakarz, vinham buscando um projeto interessante para Moura. E foram encontrá-lo nas mãos de um diretor declaradamente fã do ator. “Ele já adorava o primeiro ‘Tropa de Elite’”, diz Ilana. A recíproca é verdadeira: “Neill Blomkamp é um diretor de quem eu gosto muito. E, por acaso, ‘Distrito 9’ tem a ver com ‘Tropa’ porque é um filme político e popular. Ele me mandou o roteiro, que é ótimo, meu personagem também é ótimo e eu topei”, afirma o ator. Moura já estava de olho no mercado americano, mas não queria fazer qualquer filme só por ser em Hollywood. “Seu objetivo não é a internacionalização, mas interpretar bons personagens. Já haviam surgido alguns convites, mas ainda não era o momento”, diz Fernanda Ribas, empresária do ator.

Saber avaliar as propostas, aliás, é a chave para se dar bem no mundo globalizado do cinema atual. “Tento fazer os filmes que gosto, seja no cinema brasileiro, seja no cinema independente americano ou no cinemão de Hollywood”, diz José Padilha, que se prepara para ingressar em um esquema muito maior e mais competitivo do que o experimentado em “Tropa de Elite”. Dhalia, que montou um set internacional em “À Deriva” ao dirigir estrelas estrangeiras como Camille Belle e Vincent Cassel, compara o tamanho das produções: “Aqui você sente que realmente existe uma indústria. A escala é outra, o orçamento e a organização do trabalho também. Mas os princípios básicos são os mesmos, temos grandes profissionais”, disse Dhalia à ISTOÉ, de Los Angeles, onde vai morar enquanto estiver filmando “Gone”.

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Em um sistema tão organizado e industrial, é de esperar que o lucro seja uma obsessão. “Claro que isso pode, eventualmente, comprometer uma série de questões artísticas. A pressão é muito maior, são mais de dez produtores, todo mundo tomando conta”, diz o ator Rodrigo Santoro, que se prepara para filmar “Hemingway & Gellhorn” e tem mais dois títulos bancados pelas majors cinematográficas. “O lado positivo de se aliar a um grande estúdio é a garantia do dinheiro para produzir e a boa distribuição no mundo todo. O negativo é mesmo a interferência”, diz Fernando Meirelles, às voltas em Londres com a produção de “360”, estrelado por Jude Law.

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Para os atores brasileiros ainda há dois desafios: fazer-se entender perfeitamente no idioma inglês e driblar papéis tipicamente latinos. Isso também vem mudando. “A questão do sotaque já foi mais problemática. Hoje basta o ator dominar bem o inglês para se passar por qualquer estrangeiro”, diz Marcos Brandão, agente da atriz Alice Braga, que interpreta uma jornalista italiana em “O Ritual”, em que contracena com Anthony Hopkins. Mesmo os tipos latinos estão ficando mais complexos, como atesta Santoro: “No início os papéis eram bem estereotipados.” Do lado meramente profissional, contudo, diretores e atores não têm do que reclamar. “Sabendo como funciona o sistema, é possível entrar e sair da experiência muito feliz”, diz Meirelles. Santoro salienta o ganho em experiência ao filmar com gente como Benicio Del Toro, Steven Soderbergh e David Mamet. “Foram oportunidades de conhecer coisas novas”, diz ele. E de ver o seu nome projetado no mundo inteiro e o salário, em consequência, aumentado de forma astronômica.

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