Tudo começou com a participação em um concurso. Hoje, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) exporta joguinhos para celulares de mais de 40 operadoras de telefonia no Sudeste Asiático e na Europa. Se no Brasil a moda de jogar enquanto se espera o ônibus ou durante a viagem de metrô ainda engatinha, já existem milhares de adeptos entre os jovens asiáticos e europeus.

A empresa foi fundada em 1996 por professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). No final do ano passado, esbanjando excelência tecnológica, ela foi a representante nacional entre delegações de 23 países a participar de um concurso de games para celulares promovido pela companhia de telecomunicação de Cingapura. Dois de seus jogos, o Sea Hunter (caça submarina) e o Gold Hunter (caça ao tesouro), ficaram entre os 20 melhores em critérios técnicos e capacidade comercial, do total de mais de mil concorrentes. “O Sea Hunter foi um dos cinco finalistas, o que nos deu muita visibilidade. Começamos a ser procurados pelas empresas internacionais”, afirma Fred Arruda, gerente do Cesar, que repassa mensalmente cerca de R$ 40 mil, ou aproximadamente 20% de sua receita mensal para o centro de informática da universidade. O contrato prevê que a companhia crie dois jogos por mês. “O mercado é enorme. Cada game gera em média mil acessos por operadora a cada mês”, diz Arruda.

No Sea Hunter, o jogador é um mergulhador cuja missão é capturar o máximo de peixes sem deixar que o ar de seu reservatório acabe. Já no Gold Hunter, o herói precisa coletar todas as barras de ouro deixadas na cidade abandonada, sem ser pego pelos fantasmas que a habitam. “Os cenários não são muito elaborados e não trazem grandes efeitos especiais, dadas as limitações dos próprios aparelhos”, reconhece o cientista da computação Haim Mesel, coordenador da equipe criadora dos joguinhos. O Cesar deve ficar com um valor que oscila entre um quarto e metade do faturamento das operadoras sobre a venda dos games. “Jogar pelo celular é uma tendência que veio para ficar”, aposta o pernambucano Mesel. E daqui a pouco vai ser possível até fazer competições online pelo telefone celular.

A brincadeira não é barata. Segundo Mesel, o usuário deve pagar
entre US$ 3 e US$ 7 para fazer o download de cada game na internet. Os jogos são baixados pelos próprios celulares. Uma vez feito o download, o game fica guardado no aparelho e o usuário pode jogar
à vontade, quantas vezes quiser, sem precisar pagar taxa adicional
ou fazer novos downloads.

As operadoras nacionais de telefonia celular estão otimistas. A Oi, por exemplo, espera que até o fim do ano cerca de 200 mil pessoas escolham entre os 24 jogos disponíveis. A previsão é que até 2004 o volume de jogadores seja no mínimo três vezes maior. Na Ásia, quatro milhões se divertem com os joguinhos nas suas horas de lazer.