Eles são famosos, bem-sucedidos e… engajados. Conquistaram o sucesso nos palcos, mas fora deles continuam provocando alegria e bem-estar ao se dedicar a diversas ações sociais. Seja apoiando campanhas de conscientização, seja desenvolvendo projetos de inclusão em comunidades carentes, estão sempre dispostos a atuar. O clube de astros do bem seduz cada vez mais adeptos. Este mês, o ator Fábio Assumpção se uniu à Instituição Meninos do Morumbi, em São Paulo, para oferecer um curso de teatro a 120 adolescentes. No mês passado, o apresentador Luciano Huck lançou também na capital paulista o Instituto Criar, uma escola-estúdio que pretende profissionalizar jovens de 14 a 25 anos em tevê e cinema, e a atriz Glória Pires criou no Rio de Janeiro a Fundação Monte Verde Casazul, com assistência multidisciplinar a crianças carentes. Já a colega Cristiana Oliveira, desde o início deste ano apóia o Projeto Girassol, que presta orientação psicopedagógica a alunos de escolas municipais do Rio de Janeiro.

Além da disposição de ajudar a melhorar a realidade, eles contam com um recurso valioso para o sucesso de suas iniciativas: a fama. Vincular a imagem de personalidades a movimentos de interesse social é uma opção que, comprovadamente, gera excelentes resultados. No dia 18, a aparição da apresentadora Angélica na telinha com a camiseta do Fome Zero provocou o recorde de 11.407 ligações à central de atendimento do programa do governo (0800-7072003). Todo mundo queria imitar a loirinha. Outro exemplo é a versão brasileira da campanha “O câncer de mama no alvo
da moda”, criada nos Estados Unidos em 1994 e realizada no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Controle do Câncer. O sucesso veio depois que centenas de famosos, como a top brasileira Fernanda Tavares – madrinha internacional da iniciativa –, passaram a vestir a camiseta-símbolo.
“A campanha tinha o foco apenas na moda. Aqui inovamos ao envolver personalidades de vários segmentos. Isso alavancou as vendas”,
afirma José Carlos Muoio, coordenador da campanha no Brasil. Mais
de cinco milhões de camisetas já foram vendidas, totalizando
cerca de R$ 30 milhões.

Agora é a vez de o ator global Fábio Assunção emprestar seu talento para atrair parcerias para um novo projeto com a Instituição Meninos do Morumbi. “Sempre pensei em encontrar um galpão onde pudesse ensinar arte para jovens de baixa renda. É um desejo antigo que agora vai sair do papel”, diz o ator. Ele conta ainda com o incentivo e a ajuda da atriz Iara Jamra. Flávio Pimenta, fundador da organização, reconhece que a iniciativa do ator irá agregar valor ao que já vem
sendo feito há sete anos. “Ter o carisma de Fábio a nosso favor é importantíssimo. É um diferencial na hora de buscar patrocínios. Mas o mais importante é que ele abriu seu sonho pessoal a essas crianças e jovens. Para elas, isso pode significar muito”, afirma ele. “Vamos destacar talentos e formar atores profissionais e criaremos uma companhia de teatro”, planeja Assunção.

O apresentador Luciano Huck, do programa Caldeirão do Huck, da Rede Globo, também quer dividir os louros da fama com os menos favorecidos. Para isso, fundou o Instituto Criar de TV e Cinema para transformar 150 jovens de baixa renda de São Paulo em cinegrafistas, operadores de vídeo e de tevê. “Chegou o momento de fazer alguma coisa para ajudar quem não tem nenhuma perspectiva”, diz Huck. Para angariar recursos, ele organizou um leilão virtual – os prêmios eram passeios, almoços e jantares com famosos – que arrecadou quase R$ 1,5 milhão. “Eu tinha urgência em conseguir verbas e o que arrecadamos superou as expectativas. Vamos poder iniciar as atividades em março de
2004”, comemora Huck.

Popularidade em alta ajuda, mas não é o suficiente. É preciso estar comprometido com o que se propõe. “Não é só vestir a camisa, tem que ser ativo, participar mesmo”, acredita a atriz Cristiana Oliveira, que já atuou em várias campanhas de conscientização e agora apóia o Projeto Girassol, criado há seis anos por um grupo de psicólogas cariocas. “Esse é um trabalho que ajuda a resgatar a auto-estima e a dignidade dessas crianças e supre um desejo pessoal de trabalhar com adolescentes”, conta a atriz. Para Maria Alice Maranhão, uma das psicólogas do projeto, ter Cristiana a seu lado dá mais visibilidade ao trabalho. “Fazemos um trabalho de formiguinha, porque somos um grupo pequeno, mas os resultados são surpreendentes. Muitos desses estudantes apresentavam dificuldades de aprendizagem e de socialização. Hoje, temos crianças mais felizes por aqui”, constata ela.

Essa felicidade a atriz Glória Pires também quer levar aos moradores
da comunidade Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio. No mês passado, ela inaugurou o projeto Mundo Verde Casazul, que vai oferecer atendimento médico, odontológico e psicopedagógico, além de aulas
de dança, música e teatro, às crianças da comunidade. “O projeto começou com os meus pais e agora será ampliado para beneficiar
mais famílias”, explica a atriz, que é presidente de honra da instituição. Isso é que é sucesso.