destaque-economia.jpg 

O banco central do Japão injetou um recorde de 15 trilhões de ienes (182 bilhões de dólares) no sistema financeiro nesta segunda-feira, e dobrou seu esquema de compra de títulos com o objetivo de proteger a economia após o maior terremoto já registrado no país. A provisão de fundos é a maior já feita em apenas uma operação pelo Banco do Japão, em uma tentativa de apoiar a terceira maior economia mundial, afetada pelo impacto do forte terremoto de 8,9 graus ocorrido na sexta-feira.

"Nós tomaremos todas as medidas possíveis, incluindo fornecer liquidez, para garantir a estabilidade dos mercados financeiros e os negócios)", informou um porta-voz do banco. Serão injetados 3 trilhões de ienes adicionais na quarta-feira. A prioridade do banco central é garantir que instituições financeiras em regiões de desastre não fiquem sem fundos. Durante o fim de semana, foram injetados 55 bilhões de ienes para diminuir a pressão.

A medida tomada nesta segunda-feira foi a primeira desde maio, quando a crise da dívida europeia empurrou o preço do iene, o que pesou no preço das ações em Tóquio, fazendo com que o banco central tivesse de injetar recursos no sistema financeiro para melhorar a confiança.

O Banco do Japão reduziu de dois para um dia sua reunião de política monetária depois do terremoto seguido de um tsunami de 10 metros que atingiu o nordeste do país. A autoridade monetária manteve a taxa básica de juros inalterada, entre zero e 0,1 por cento. O banco central informou que dobraria para 5 trilhões de ienes o programa de compra de títulos criado em outubro com "o objetivo de combater a deterioração do ambiente de negócios e a aversão ao risco" após o desastre. Combinado a outras medidas de injeção de recursos, o programa já soma em torno de 40 trilhões de ienes no total.

Em um comunicado, o banco informou que está tentando diminuir os efeitos da devastação causada pelo terremoto nos mercados e nas operações bancárias pelo país. "Os danos causados pelo terremoto foram geograficamente espalhados, portanto, por enquanto, a produção irá cair", informa. O iene atingiu por alguns momentos sua maior alta em quatro meses antes de cair frente ao dólar após a injeção de liquidez nesta segunda-feira, enquanto os mercados respondiam ao desastre natural.

A moeda chegou a ser cotada a 80,60 ienes frente ao dólar, a maior alta desde 9 de novembro, antes de voltar a operar em 82,19 dólares, e permaneceu nesse patamar apesar de mais uma explosão na usina nuclear de Fukushima na madrugada desta segunda-feira, enquanto engenheiros lutam contra riscos de fusão.

O governo espera um impacto econômico "considerável", em uma tragédia classificada pelo primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, como a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial. O Japão enfrentará o enorme desafio de financiar a reconstrução do país, já que a expectativa é que o impacto do terremoto seja semelhante ao de Kobe em 1995.

O déficit público japonês é o maior dos países industrializados, em aproximadamente 200% do PIB, enquanto sua nota de crédito foi rebaixada recentemente por preocupações de que o país não estava fazendo o suficiente para combater o rombo. O desastre deve levar mais pressão ao déficit público.

As ações japonesas tiveram forte queda após o terremoto, enquanto montadoras de automóveis, bancos e empresas de eletrônicos estão tendo sua produção atingida pelos cortes no fornecimento de energia. Engenheiros estão lutando contra o risco de derretimento nas centrais nucleares, enquanto o número de mortos no país deve superar os 10.000.

Bolsa

A Bolsa de Tóquio encerrou a sessão de segunda-feira, a primeira após o terremoto de sexta-feira no Japão, com baixa expressiva de 6,18%, em consequência do temor dos investidores ante as consequências da catástrofe com repercussões internacionais. O índice Nikkei 225 perdeu 633,94 pontos, a 9.620,49 unidades.

O volume de negócios bateu um recorde, com mais de 4,88 bilhões de ações comercializadas, mais de 2,5 vezes que a média habitual. O Banco Central do Japão (BoJ) decidiu aumentar em cinco trilhões de ienes (61,3 bilhões de dólares) as compras de ativos, ao mesmo tempo que manteve a taxa básica de juros entre 0,0% e 0,1%, para facilitar o financiamento e estabilizar os mercados depois do terremoto.

Além do trauma nacional, do balanço de vítimas que aumenta a cada dia e dos graves danos materiais, os operadores temem uma importante diminuição da atividade econômica. As graves falhas nas centrais nucleares da região afetada fazem aumentar os temores pelas repercussões deste desastre sobre o conjunto das empresas e a economia japonesa.

A ação da companhia de energia elétrica Tokyo Electric Power (Tepco), que opera as centrais nucleares em dificuldade, perdeu 23,57%. O governo japonês considera que a catástrofe terá o impacto considerável sobre a economia nacional. As áreas afetadas precisarão de fundos colossais para a reconstrução.