O dilema da área econômica
Uma reportagem publicada na seção de economia do jornal Correio Braziliense, na quinta-feira 17, chamou pouca atenção, mas aponta para uma encrenca que está próxima de se tornar o grande assunto do momento: “no Banco Central, o buraco cada vez maior na conta que registra o fluxo financeiro de dólares para o País está se tornando motivo de grande dor de cabeça”, afirma o jornalista Vicente Nunes.
O problema é que a entrada de investimentos estrangeiros no Brasil caiu para níveis próximos da grande crise cambial de meados do ano passado. Nos nove primeiros dias úteis de julho, o rombo nessa
rubrica chegou a US$ 586 milhões. Entenda-se por “investimento estrangeiro” a grana que vem do Exterior para produzir no País, e não o capital especulativo. Pois bem, parou de entrar dinheiro. Em outras palavras: a essa altura, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, está
à beira de um ataque de nervos. Enquanto o presidente Lula exige “o espetáculo do crescimento”, enquanto as massas clamam por mais emprego e o mercado, por menos juros, a área econômica não vê saída tão fácil para a recessão.


Saquinho cheio

A partir desta sexta-feira 25, 365 mil residências de Fortaleza começam a receber os boletos da tarifa de lixo, inventada pelo prefeito Juracy Magalhães (PMDB). Dependendo do volume de lixo, do consumo de energia elétrica e da localização da casa, cada cidadão vai pagar entre R$ 5 e R$ 27. O serviço de lixo foi terceirizado. A prefeitura agora vai pagar R$ 8 milhões num contrato de 20 anos (prorrogáveis por mais 20), no valor global de R$ 1,9 bilhão com a vencedora da licitação, a empreiteira Marquise. “É um contrato de bitributação superfaturada”, acusa o deputado Heitor Ferrer (PDT), que ameaça: “Vou botar o lixo num saquinho e jogar tudo na porta do prefeito.”

Boquinha

O antigo consultor jurídico da Previdência Felipe Zanchetti Magalhães largou o batente para montar uma lucrativa empresa em Brasília, a Magalhães Advogados Associados S/C, na qual tinha como sócia Kilmara Morais. Era a mulher do outro consultor jurídico, Antônio Glaucius Morais, que sobreviveu na Previdência até a chegada do ministro Ricardo Berzoini. Glaucius perdeu o bico na Previdência e ganhou outro ali ao lado, na pasta de Ação Social, da ministra Benedita da Silva.

O provão

Desde 1994, as provas e concursos do MEC, como Enem, Provão
e testes do ensino de primeiro grau, são realizados pela Cesgranrio. Especialistas estimam que a empresa fluminense faturou algo em
torno de R$ 200 milhões com estes contratos. No Provão do ano passado, a Cesgranrio papou R$ 45 milhões. Neste ano, embora o Provão esteja maior, o preço ficou menor: R$ 42 milhões. O milagre
é que, desta vez, a Cesgranrio teve um concorrente de peso, a Universidade de Brasília, que perdeu mesmo apresentando um preço menor, R$ 36 milhões. “A UnB, estranhamente, teve nota zero no quesito técnico, que vale 70% no julgamento”, afirma o deputado Augusto Carvalho (PPS-DF).

O super-Zé

Na terça-feira 15, o Diário Oficial nomeou o grupo de trabalho que vai estudar o projeto de transposição de águas para o sertão nordestino. A portaria número 1.206 da Casa Civil, assinada pelo ministro José Dirceu, designa 12 “servidores” – começando por José de Alencar Gomes da Silva, vice-presidente e por acaso, naquele dia, presidente da República em exercício. Um “servidor” que, pela Constituição, era o chefe supremo de Dirceu e de todos outros.

Rápidas

• 11% do PIB baiano vem do turismo. No aeroporto de Salvador, havia vôos de todas as grandes companhias brasileiras para o Exterior. Agora só sobrou um: o da TAP.

• O governo deve criar neste ano o Instituto Brasileiro de Fidedignidade, subordinado ao Inmetro, com autoridade para apreender todo e qualquer material pirateado.

• É a solução jurídica para agilizar as apreensões, proposta pelo vice-presidente da CPI da Pirataria, Julio Lopes, e já encampada pelo Ministério do Desenvolvimento.