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A nave Discovery, a mais antiga de três ônibus espaciais americanos, completou, nesta quarta-feira, sua última viagem ao espaço, retornando à Terra com seis astronautas a bordo, segundo imagens transmitidas ao vivo pela Nasa. Põe também fim a uma longa carreira no espaço. A nave aterrissou na pista do Centro Espacial Kennedy às 16h57 GMT (13h57 de Brasília) a uma velocidade de 360 km/h sob um céu azul e depois de vertiginosa descida de 65 minutos.

"Esta nossa legenda esteve 365 dias no espaço", informou o Centro de Controle da Nasa em Houston (Texas, sul). Acrescentou que, com suas 39 missões, o ônibus espacial Discovery percorreu quase 149 milhões de milhas (241 milhões de quilômetros).

Este é o começo do fim de 30 anos de programa espacial de voos tripulados dos Estados Unidos que encerrará assim que a Nasa enviar ao espaço a nave Endeavour no dia 19 de abril, e a Atlantis, em 28 de junho. A nave Discovery – que irá para um museu após 27 anos de trabalho – desacoplou-se da Estação Espacial Internacional (ISS) na segunda-feira, ao término de uma missão bem-sucedida de 13 dias destinada a instalar um novo módulo de armazenamento e um robô humanóide.

"Esta foi uma das melhores missões da Discovery e também uma das de menor dificuldade", destacou LeRoy Cain, um dos responsáveis pelo programa, em uma coletiva de imprensa em Houston, Texas, sede do centro de controle da Nasa. Em seu último dia no espaço, a tripulação foi acordada com a apresentação ao vivo do cantor e guitarrista Todd Park Mohr junto a três membros da banda de rock "Big Head Todd and the Monsters", que interpretaram "Blue Sky".

A música "Blue Sky" foi escrita pelo "Big Head Todd and the Monsters" em homenagem à retomada dos voos dos ônibus espaciais, em 2005, após o acidente do Columbia em 1 de fevereiro de 2003, no qual sete astronautas morreram. Discovery foi a primeira nave espacial a voar após o desastre. Durante a missão, o presidente Barack Obama falou aos seis astronautas e seus seis companheiros de tripulação que já estavam a bordo da ISS que se sentia orgulhoso de sua cooperação no espaço.

História

A Discovery é a nave espacial mais antiga restante da frota e a que ostenta maior prestígio histórico. A Columbia, a primeira nave a voar – em abril de 1981 -, foi destruída em um acidente em fevereiro de 2003 no qual morreram sete astronautas. E a Challenger, a segunda nave espacial a fazer voos orbitais a partir de abril de 1983, explodiu 73 segundos depois de decolar em janeiro de 1986. Morreram sete astronautas, entre eles uma professora.

A Discovery foi lançada pela primeira vez em 30 de agosto de 1984 e acumulou mais voos que qualquer outra (352). Transportou também o maior número de astronautas (246). Entre eles, a primeira mulher que pilotou uma nave espacial, Eileen Collins, e a pessoa mais velha a ir ao espaço: o ex-senador John Glenn, que então tinha 77 anos. Foi o primeiro civil americano a viajar em órbita terrestre, em 1962.

A Discovery também foi a primeira nave espacial americana a transportar um cosmonauta russo, Serguei Krikalev, em fevereiro de 1994. E também foi a primeira que levou – em 1985 – um legislador americano ao espaço, o senador de Utah (centro) Jake Garn. A Discovery deu a volta na Terra 5.628 vezes, a 28.000 km/h, e percorreu cerca de 230 milhões de quilômetros, o que equivale à viagem de ida e volta da Terra à Lua 288 vezes.

A colocação do Hubble em órbita em 1990, o primeiro telescópio espacial que revolucionou a astronomia, foi um dos momentos históricos mais importantes para a Discovery. Também foi a primeira nave espacial a capturar um satélite para conduzi-lo de volta à Terra.
Além disso, foi a única nave a ter visitado duas estações espaciais. Primeiro viajou à estação MIR, colocada em órbita pela ex-União Soviética em 1986 e que caiu no oceano em 2001, e depois à ISS, em cuja construção colaborou enormemente.